A Saga Banguense

A SAGA BANGUENSE
Na propaganda da extinta Fábrica de Tecidos BANGU este nome, significava:
B= Beleza; A= Arte; N= Novidade; G= Gosto; U= Utilidade.
Quanta sabedoria! Que síntese! Jovens não estranhem a palavra propaganda! Na época, o estrangeirismo ainda não predominava no Brasil e a expressão “marketing” não se usava.
A Fábrica de Tecidos Bangu, deu origem ao nome do Clube, Bangu Atlético Clube (BAC), de história rica e gloriosa. O bairro de Bangu foi o palco onde, pela primeira vez, se jogou futebol no Brasil. O emblema do BAC é, sem dúvida, o mais belo do Brasil! As iniciais BAC, no escudo, simbolizam o social, o cultural e o esportivo. O B é o pincenê (social); o A, é um suporte para pintura de telas (cultural); o C é uma ferradura (o esportivo, e representa a sorte nas competições).
Ratificando, o Bangu Atlético Clube tem a sua origem numa Fábrica. Localiza-se na zona Oeste da cidade. Na época, era considerada zona rural. Foi o primeiro clube no Brasil a contar nas suas fileiras, com um jogador negro. O có-irmão e poderoso Clube de Regatas Vasco da Gama reivindica esta conquista. Entre os clubes grandes, sim. Entre todos os clubes do Brasil, o BANGU ATLÉTICO CLUBE foi o primeiro.
Jamais consegui entender a lógica do porque uma Instituição com história riquíssima e de origem tão popular, não conseguiu atrair a simpatia das classes menos favorecidas e congregar uma grande torcida. O Bangu seria o lidmo representante da classe operária. Na cidade do Rio de Janeiro, os clubes de grandes torcidas são oriundos da Zona Sul. A exceção é o Vasco da Gama. O fenômeno da torcida do Flamengo, retrata a maior incoerência desta história. É considerado como o clube da maioria de torcedores negros e pobres. Por que? A sua origem decorre de uma cisão de um clube de elite: o Fluminense. Contradições do nosso querido Brasil!
Mas, o enfoque da análise é o querido Bangu Atlético Clube. Em 1951, o amor da família Silverinha, decide que o Bangu seria clube grande. Contrataram o maior jogador da história do clube: Zizinho ou o famoso Mestre Ziza. Conseguimos o vice-campeonato daquele ano e daí para frente o clube firmou- se entre os grandes. Junto com o América, formava no grupo dos seis grandes clubes do Rio de Janeiro. Foram conquistados pelo Bangu, mais alguns vice-campeonatos. No início dos anos 60, a família Andrade (Eusébio, o pai e Castor, o filho) resolveu formar equipes poderosas que culminaram com as conquistas de Campeão Carioca em 1966 e Vice-campeão Brasileiro, em 1985.
Creio que estes dois ciclos, encerram um período em que o sucesso dependia de um dono. Por amor ao clube, os gastos eram compensados pelas alegrias. Foi encerrada a fase que qualifico como “profissionalismo amador”. Antes a Instituição dependia somente de dispor de muito dinheiro. Como a vida é um processo dinâmico, tudo mudou. Não me proponho a discutir se as mudanças foram para melhor ou pior. O fato é que não cabe mais a figura de dono do clube, filosofia que me parece perdura no Bangu. Esta herança permanece. Aliás, na maioria dos clubes brasileiros. As diretorias se sucedem como em um clã. Será a origem do fracasso do atual futebol brasileiro?  Hoje, se não houver competência…………………………
Mas, afinal onde esta crônica pretenda chegar? Perguntaria o leitor! Caros amigos Banguenses e simpatizantes do futebol, afirmar que o BAC, a partir das mudanças dos rumos deste exacerbado profissionalismo, vive um processo agonizante. Todo início de campeonato local, a dúvida surge: será que o Bangu vai cair para a 2ª. Divisão? Pergunta pertinente porque já aconteceu duas vezes. No Campeonato Brasileiro, o Bangu participa em que divisão?
Nunca antes na história do Bangu, o clube foi tão humilhado! O ano de 2012 mostra o conjunto da obra da total incompetência dos atuais dirigentes(?) da Entidade. No primeiro turno de um campeonato medíocre, o Bangu conseguiu a incrível façanha de ser, entre todos, o mais medíocre.  Sete jogos, sete derrotas, ZERO ponto.
Nas fases mais difíceis o Bangu sempre revelou excelentes jogadores. A lista é extensa, o destaque é para o Ademir da Guia.
Na era dos patrocínios, o Bangu não sabe como explorar a sua rica e bela história passada para atrair as grandes empresas.
A exemplo do lema da antiga Fábrica, solicito aos responsáveis pelos destinos do clube que administrem com:
Beleza;
                                                                          Arte;
    Novidade;
Gosto;
    Utilidade.
O meu desabafo é em homenagem ao falecido Juarez, símbolo da torcida Banguense, que criou o lema:
“SOMOS BANGU, ETERNAMENTE BANGU”
 
O BANGU ATLÉTICO CLUBE, POR TUDO QUE REPRESENTA PARA O FUTEBOL BRASILEIRO, NÃO MERECE TAMANHO DESRESPEITO!
 
Jairo Leal de Salles (Convicto Banguense)

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