O futebol talvez seja o único esporte em que o favorito não vença sempre, e em muitas vezes um resultado sobre natural aconteça ainda mais se for tão inesperado mesmo, mais não estou falando somente de zebras históricas, estou falando de resultados quase impossíveis de se realizarem, vitórias numericamente efêmeras aos nossos olhos.
Bem o fato que vou citar aqui aconteceu a exatos 27 anos, no dia 05/04/1981 no Estádio Otávio Mangabeira a saudosa Fonte Nova hoje interditada por causa de um grave acidente que vitimaram sete pessoas no último 25 de Novembro, pois bem naquela tarde pela última rodada da segunda fase do Campeonato Brasileiro se enfrentaram as equipes rivais da região nordeste BAHIA X SANTA CRUZ de Recife, mais que uma rivalidade a honra estava em campo no duelo dos dois maiores tricolores do nordeste.
Na segunda fase do Brasileiro daquele ano o Bahia começará disputando a Taça de Prata que era equivalente a segunda divisão da época só que o regulamento da Taça de Prata permitia que na sua segunda as equipes que vencesse seus grupos ascenderiam a Taça de Ouro ou seja na segunda fase e o Bahia ao vencer o grupo que tinha Remo e Botafogo/PB teve o direito de jogar a Taça de Ouro detalhe o Palmeiras também subiu neste mesmo campeonato da Prata para o Ouro, o tricolor baiano caiu numa chave perigosa que tinha além do rival pernambucano, tinha as equipes paulistas da Ponte Preta e Corinthians que não vinha lá muito bem tanto é que ficou na lanterna do grupo com apenas um ponto.
Na sua estréia o Bahia venceu bem o Corinthians por 3 a 0 e ainda em Salvador empatou com a Ponte Preta em 1 a 1, na sua primeira saída o tricolor outrora de aço foi ao Recife e foi goleado impiedosamente pelo Santa Cruz por 4 a 0 o que fez cair na tabela e ter seu saldo de gols ficado negativo, abalado mais confiante o Bahia seguiu para São Paulo e no Pacaembu venceu o Corinthians por 1 a 0 e viu o Santa Cruz perder para a Ponte Preta por 3 a 1, as esperanças voltaram ao Fazendão concentração tricolor com a Ponte na liderança isolada, o jogo seguinte em Campinas foi uma guerra de nervos e o Bahia terminou caindo por 1 a 0 e viu o Santa Cruz bater o Corinthians por 2 a 0, a coisa ficou complicada com a Ponte classificada com 8 pontos e o Santa Cruz com 7 e um saldo de gols de 7 gols, o Bahia tinha a difícil tarefa de ter de vencer o Santa Cruz na Fonte Nova pela ultima rodada, mais não era só vencer tinha de tirar um déficit de 5 gols que era a vantagem da equipe pernambucana.
Durante os 4 dias que antecederam a partida tanto aqui em Salvador e em recife as expectativas eram grandes, a torcida do Vitória prometia comparecer ao estádio para ver o Santa eliminar o Bahia, já que o Vitória dependia somente dele em sua chave para se classificar e jogaria um dia antes contra a Portuguesa e por qualquer placar, também em Recife a confiança era geral e o folclórico atacante Dario o Dada Maravilha curtia com os baianos que era mais fácil o torcedor do Bahia ganhar na quina da loto do que o Santa Cruz perder por 5 gols de diferença, pra ser sincero a tarefa era árdua mais não impossível chegou o domingo dia de sol a Bahia em festa por ter o Vitória vencido a Portuguesa no sábado por 1 a 0 e se classificar para a terceira fase, só faltava o Bahia para a festa ser completa, apesar de difícil muitos torcedores foram ao estádio 28.378 dentre eles lá estava eu e meu primo Anacleto o popular Mac’Tonho o meu saudoso pai relutou em dar a grana dos ingressos ele tricolor roxo e ex-funcionário do Bahia não tinha tanta fé no placar mais mesmo assim lá pelas 15:30 hrs sentiu uma vibração e nos cedeu a grana, chegando ao estádio comprado as entradas nos abancamos no local de sempre perto da torcida Bamor e as 17: hrs a bola rolou.
Para a nossa alegria o Bahia começou contudo e logo aos 4 minutos Gilson Gênio fez 1 a 0, aos 13º de novo ele Gilson Gênio, o Santa sentiu a pressão que continuou mais o Santa tinha um bom time e experiente além de Dario, tinha Carlos Roberto, Hilton Brunis e Baiano e levou perigo em contra ataques com Joãozinho um ponta esquerda arisco e veloz, mais já perto do final do primeiro tempo aos 43º Dirceu Catimba livre de cabeça marcou o terceiro para deliro da massa na Fonte Nova, olha amigos o publico depois deste gol aumentou a torcida sentindo que dava veio, foi a primeira vez que vi torcedores comprar entradas para assistirem somente o segundo tempo, que começou com o Santa retrancado e acuado o Bahia empurrado pela turba pressionava mais sem muito calor até que aos 22º numa jogada de Gilson que saiu da esquerda para direita lançou Toninho Taino que marcou o quarto gol, o estádio era um delírio só Baea Baea Baea gritava a turba, o Santa tremia os jogadores faziam cera caiam simulavam contusões mais o experiente técnico Aimoré Moreira do Bahia mantinha a calma e serenidade e finalmente aos 40º numa linha burra o Bahia chegou ao quinto gol com Toninho Taino e a Fonte quase veio abaixo foi uma loucura, o juiz Carlos Sergio Rosa Martins deu dois minutos de desconto mais o Santa abalado e sem força não ofereceu perigo e após o apito do juiz a festa rolou pelo gramado e por toda a Bahia naquele domingo de abril de 1981.
Apesar de na terceira fase o Bahia ter sido eliminado pelo Flamengo no mata a mata 0 a 0 em Salvador e Flamengo 2 a 0 no Maracanã, jamais me esquecerei daquela vitória, sim para mim testemunha ocular da história a maior vitória do Bahia que meus olhos viram.
BAHIA 5 X 0 SANTA CRUZ
Local: Fonte Nova – Juiz: Carlos Sergio Rosa Martins
Público: 28.378
Gols: Gilson Gênio’4 e 13’ Dirceu Catimba 43’ 1º tempo
Toninho Taino’22 e 40’2º tempo.
Bahia: Renato; Edinho, Zé Augusto, Edson Soares e Ricardo Longh; Washington Luiz, Emo e Léo Oliveira; Toninho Taino, Dirceu Catimba e Gilson Gênio. Tec. Aimoré Moreira
Santa Cruz: Wendell; Celso Augusto, Silva ( Pedrinho), Alfredo e Hilton Brunis; Deinho (Wilson), Carlos Roberto e Baiano; Agnaldo, Dario e Joãozinho. Tec. Hilton Chaves