Era noite, e Florianópolis assistiria ao primeiro clássico noturno, em 20 de julho de 1951. Presenças ilustres do governador Irineu Bornhausen e do prefeito Paulo Fontes.
Como assistir
Os ingressos eram caros. Haviam apenas duas alternativas: ou pulava o muro, como sempre, ou entrava acompanhado de algum figuraço. A segunda opção.
Meia
Fernando Linhares da Silva, um dos maiores narradores esportivos do rádio catarinense, foi para a mesma prática. Ao não conseguir, tentou entrar comprando meia-entrada. Antes, foi ao porteiro, seu Waldemar, e perguntou: “Posso entrar com meia?”.
Literalmente
Seu Waldemar, que não era fácil no trato, levantou a boca da calça do Linhares, olhou e viu que estava com as duas meias no sapato e respondeu: “Pode, até sem meia, se quiseres”.
O árbitro
Carlos de Campos Ramos, o Leleco, de Blumenau, apitou o jogo. Virou técnico de futebol, jogador e, finalmente, delegado. Foi de tudo um pouco. Era uma figura bastante folclórica.
Anos depois
O encontro e o diálogo entre o então delegado de polícia Leleco e o advogado Saul Oliveira, o Saulzinho, ex-jogador:
– Vim soltar meu cliente, que é inocente, e você foi arbitrário em sua prisão – declarou Saul.
– Posso ser tudo o que quiseres, mas ele continuará preso – respondeu Leleco.
– Por quê?
– Lembra que disseste que eu era um juizinho de merda naquele primeiro clássico noturno?
– Não só eras um juizinho de merda como é um delegado de bosta.
Fonte: DC