No sul do país cada estado teve a sua própria linha na história do futebol.
No Paraná, o futebol teve muita ligação com São Paulo e, se desenvolveu inicialmente na capital, Curitiba e cidades mais próximas como Ponta Grossa e Paranaguá. Neste início, na década de 10, Coritiba e Britania mandavam. América e Internacional, times que tiveram claras origens paulistas em suas fundações, se uniram para criar o Clube Atlético Paranaense.
Paralelamente, no norte do estado nas décadas de 50 e 60, o desenvolvimento motivado pelo café fez com que várias cidades “novas” se desenvolvessem rapidamente. Nessa época, o campeonato paranaense era disputado em duas chaves: Norte e Sul, e o campeão saía do cruzamento dos dois vencedores. Assim, equipes como Monte Alegre de Telêmaco Borba, Comercial de Cornélio Procópio e Grêmio Maringá, chegaram ao título máximo. A unificação do campeonato só ocorreria na década de 70. Outra característica do Paraná são as fusões. Além do Atlético o Paraná clube também é resultado de uma série – incrível – de fusões. Ele se originou da união do Pinheiros (ex-Água Verde, Savóia e Brasil) com o Colorado. Este por sua vez, nasceu da fusão do Britania, como o Ferroviário e o Palestra Itália, que já se chamou Comercial e Paranaense. Entendeu?
No Rio Grande do Sul, o campeonato também nasceu descentralizado e os campeões de cada região disputavam um torneio final numa cidade-sede. O resultado deste sistema foi que de 1919 até 1939 treze diferentes clubes levantaram o título e, a maioria deles, do interior.
Mas a partir de 40, começaria uma dinastia entre Tricolores e Colorados que durante quase 60 anos dividiram o título com apenas uma exceção, o Renner de Valdir de Morais e outros em 1954. Esta situação propiciou que se criasse uma das mais ferrenhas rivalidades do Brasil e que divide os Pampas em azul e vermelho.
Todavia, o futebol é feito de ciclos e, talvez estejamos vendo o nascimento de um novo momento no futebol gaúcho. Nos últimos 6 anos, o título foi 2 vezes pro interior, fato que não ocorria há 62 anos.
Mas tem um estado que tem sua originalidade e este é Santa Catarina. É o estado que teve mais campeões na história do futebol brasileiro, 23 para ser exato. Os motivos para que isso tenha ocorrido são variados, mas com certeza, o fato de Florianópolis não ser – destacadamente – a maior cidade do estado contribuíram para esta descentralização. Ao contrário da maioria dos estados do país, onde 50% da riqueza e da população se concentram na capital, em Santa Catarina, existem outros pólos de atração e desenvolvimento espalhados pelo interior.
Mas o futebol entrou no estado através da capital e lá se desenvolveram os times mais tradicionais e que até hoje fazem o maior clássico barriga-verde: Avaí e Figueirense. Justamente esta rivalidade, que é tão benéfica para o desenvolvimento do futebol, é que está faltando em várias cidades do interior do estado hoje em dia. Antigos rivais, acabaram se unindo sob uma mesma bandeira para defender suas cidades. Se isto por um lado resulta em união de forças, por outro desanima pelo desaparecimento das antigas tradições. Este fato ocorreu em Joinville, com a união entre América e Caxias que deu no nascimento do JEC, em Brusque, na fusão do Carlos Renaux com o Paysandu e em Tubarão com a união do Hercílio Luz com o Ferroviário. De qualquer forma, ao contrário dos demais estado da união, em Santa Catarina o interior está ganhando de lavada e tem 50 títulos contra 29 dos clubes da capital.
Grandes clubes do passado a Região Sul
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