16/11/1969, era uma tarde de sol quente na cidade de Salvador, na Fonte Nova lotada com mais de 35.000 pagantes, Bahia e Santos travavam uma partida épica pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Mas aquela partida reservava um ingrediente a mais! Pelé “O Rei do Futebol” perseguia a incrivel marca de mil gols em sua carreira, a espectativa era imensa no estádio Otávio Mangabeira, porém do outro lado estava o Bahia “Campeão da Taça Brasil” e um dos grandes rivais do Santos por ter sido justamente contra o time da Vila que o tricolor da boa terra conquistou o inédito título, a primeira e verdadeira competição de âmbito nacional em 1959.
Começa a partida apitada pelo jovem Arnaldo Cesar Coelho, o Santos parte para cima do Bahia, que se defende e procura sair nos contra-ataques, em sua defesa o goleiro Jurandir, o volante Baiaco e o zagueiro Nildão mais conhecido como “Birro Doido”, Pelé não tem vida fácil na partida, anulado por Baiaco com eficiência pois segundo o próprio Pelé, Baiaco foi um dos seus grandes marcadores. A torcida que estava indecisa pois se dividia entre o amor pelo Bahia e o amor por Pelé.
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Baiaco um dos grandes marcadores de Pelé.
Pelé contiuava sumido na partida, quando conseguia passar por Baiaco, Advaldo e Nildo “Birro Doido” logo afastavam o periodo e quando conseguia finalizar o goleiro Jurandir salvava como podia, o Santos ameaçava mais com Abel, Manuel Maria e Edu, e no lado do Bahia, Zé Eduardo comandava com uma atuação destacada e Eliseu ajudando tanto na armação e como na defesa pois ele conhecia bem o time do Santos pois foi revelado na Vila Belmiro. Vem o segundo tempo e o panorama muda um pouco, Pelé parece mais decidido e passar a dar mais trabalho aos marcadores, Edu e Clodoaldo quase marcam se não fosse Jurandir, pelo Bahia Zé Eduardo se machuca num lance com Turcão e dá lugar a Sanfillipo que ao lador de Arthur passam a dar verdadeiros calafrios na zaga e no goleiro Agnaldo. Na metade do segundo tempo da peleja acontece o grande lance da partida, Pelé tabela com Manuel Maria e se livra de Eliseu, consegue bater Baiaco, Paes, Advaldo e o goleiro Jurandir todos se levantam, os flashes das máquinas disparam é o milésimo gol do Rei do Futebol, para o espantos de todos quando Pelé empurra a bola na direção do gol e se prepara para comemorar o tento histórico, quando surge o pé do zagueiro Nildo que com a ponta da chuteira ou do “birro”salva a meta tricolor, há um misto de eufória, extâse e raiva no estádio, uns torcedores ou seja uma grande maioria vaia o zagueiro do Bahia, outros no entanto aplaudem de pé e gritam o seu nome, era o seu maior momento no futebol o Rei aplaudiu e abraçou Nildo e no final da partida deu-lhe de presente a camisa 10.
O Bahia com Baiaco abriu o placar aos 42º minutos da etapa final para um novo delirio na Fonte Nova, mais aos 44º minutos Jair Bala finalmente consegue transpor a meta tricolor empatando a partida.
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Nildão ao lado de Mundinho no Colo-Colo de Ilhéus.
Baiaco, Nildo e Jurandir fizeram história nessa partida, mais somente Baiaco continuou para se tornar um dos grandes nomes e ídolos da torcida, Nildo que em 2004 cedeu a camisa dada pelo Rei naquela tarde para um leilão para ajudar o ex-lateral esquerdo do Bahia e Botafogo/RJ que sofre de uma doença rara.
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Nildo salvando o gol do Rei Pelé
Infelizmente no dia 19/10/2008 Nildo veio a falecer devido a problemas cardiacos, porém continuará sempre presente no mundo da bola devido a um lance único na vida de o jogador, ter sido vaiado por sua própria torcida por ter evitado um gol contra sua equipe. Naquela tarde não foi Senhor do Bonfim, nem todos os Santos da Bahia que livraram o Bahia de entrar para sempre na vida do Rei Pelé, mais um verdadeiro paredão formado por Jurandir, Nildo e Baiaco.
Fontes: Texto Galdino Silva
Fotos: Fotoblog do Bahia
Pesquisas: Site Sarrafo na Madrugada
Não da para acreditar que grande parte da torcida vaiou seu proprio zagueiro por salvar o gol! Essas coisas só acontecem diante do Rei do Futebol!Ótimo artigo, abraços!