O futebol esporte mais popular em nosso país, no seus primódios era praticado pelas classes mais abastadas e por membros das colônias britânicas que aqui residiam. Com a criação das equipes o esporte foi rapidamente se espalhando por todos os cantos dos Brasil, mais os campeonatos e times só tinham jogadores brancos, membros de outras raças não tinham o direito de jogarem nestas equipes, principalemente no eixo Sul e Sudeste. O Bangu o time proletariado foi o primeiro a por negros em suas fileiras no inicio do século passado. Mas foi no Vasco da Gama que surgiu o primeiro time racialmente misto. E aonde surgiu a primeira reação contra o racismo no futebol, a “Resposta Histórica”, que neste dia 7 de abril completou 85 anos.
Em 1924, uma liga fundada pelos cinco times mais influentes da época – Fluminense, Flamengo, Botafogo, América e Bangu – exigiu que o Vasco se desfizesse de 12 jogadores negros, mulatos, nordestinos ou pobres. A tal liga, chamada de Amea (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos) alegava que os atletas tinham “profissão duvidosa”.
A “Resposta Histórica” foi enviada à liga como forma de recusa à exigência da Amea. O Vasco, então, se manteve na enfraquecida LMDT (Liga Metropolitana de Desportos Terrestres) e se sagrou campeão com 16 vitórias em 16 jogos. No ano seguinte, o clube da Colina foi admitido na Amea com os jogadores cujo talento dentro de campo estava em primeiro lugar.
Leiam a íntegra do documento:
Rio de Janeiro, 7 de Abril de 1924.
Ofício nr. 261
Exmo. Sr. Dr. Arnaldo Guinle
M.D. Presidente da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos
” As resoluções divulgadas hoje pela imprensa, tomadas em reunião de ontem pelos altos poderes da Associação a que V.Exa tão dignamente preside, colocam o Club de Regatas Vasco da Gama numa tal situação de inferioridade, que absolutamente não pode ser justificada nem pela deficiência do nosso campo, nem pela simplicidade da nossa sede, nem pela condição modesta de grande número dos nossos associados.
Os privilégios concedidos aos cinco clubes fundadores da AMEA e a forma por que será exercido o direito de discussão e voto, e feitas as futuras classificações, obrigam-nos a lavrar o nosso protesto contra as citadas resoluções.
Quanto à condição de eliminarmos doze (12) dos nossos jogadores das nossas equipes, resolve por unanimidade a diretoria do Club de Regatas Vasco da Gama não a dever aceitar, por não se conformar com o processo por que foi feita a investigação das posições sociais desses nossos consócios, investigações levadas a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa.
Estamos certos que V.Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno da nossa parte sacrificar ao desejo de filiar-se à AMEA alguns dos que lutaram para que tivéssemos entre outras vitórias a do campeonato de futebol da cidade do Rio de Janeiro de 1923.
São esses doze jogadores jovens, quase todos brasileiros, no começo de sua carreira e o ato público que os pode macular nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles, com tanta galhardia, cobriram de glórias.
Nestes termos, sentimos ter que comunicar a V.Exa. que desistimos de fazer parte da AMEA.
Queira V.Exa. aceitar os protestos de consideração e estima de quem tem a honra de se subscrever, de V.Exa. At. Vnr. Obrigado ”
(a) Dr. José Augusto Prestes
Presidente
Uma reprodução do documento está exposto na Sala de Troféus de São Januário. Acima, um lembrete: “Sem o Vasco, o futebol brasileiro não teria conhecido Pelé”.
Não somente o Rei do Futebol o nosso Pelé, mais também Leônidas da Silva, Zizinho, Didi, Garrincha, Romário e muitos outros gênios da bola.
Infelizmente ainda hoje esta doença chamada ” racismo” ainda tenta sobreviver no mundo não só do futebol mais em muitas outras modalidades esportivas, campanhas são espalhadas por todo o mundo mais centamente um dia o mundo estará livre desta que é uma das maiores imbecilidades do ser humano.
DIGA NÃO AO RACISMO
Textos: Galdino Silva e globo.com