O Caminho dos “Escudos” – 1902-1952

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Muitos provavelmente, devem conhecer os livros do jornalista Rubens Ribeiro, que além de historiador, administra a biblioteca da Federação Paulista de Futebol, desde que a conheço, na antiga sede da Brigadeiro.

No primeiro volume é descrito todos os dados estatísticos dos jogos do Campeonato Paulista desde 1902 a 1952,  uma obra excelente e raríssima. Tanto que não possuo  o segundo volume, que foi apenas distribuído a personalidades escolhidas pela FPF. Que sabe um dia terei um exemplar.

O fato curioso é que alguns escudos “equivocados” foram colocados para ilustrar. Será que alguém havia percebido estes erros? Acredito que os membros deste blog, que tiveram acesso ao livro perceberam.

Na década de 90, aceitei o trabalho profissional de projetar e acompanhar a construção da sede administrativa dos Irmãos Lasallistas na Vila Guilhermina na cidade de São Paulo, que possibilitou minha permanência na cidade. Aproveitando, comecei a visitar com regularidade as bibliotecas paulistanas a procura dos escudos “faltantes”, em jornais, revistas e livros do começo do século XX. Além é claro, de freqüentar o Parque Antártica, como sócio do Interior, com carteirinha e tudo.

Para os mais novos, e bom lembrar que não havia maquina fotografia digital, e para tirar copias dos exemplares mais antigos, tinha-se que passar por vários pontos burocráticos, conforme a biblioteca. Assim, a maioria dos escudos eram desenhados em rascunho, ali mesmo na biblioteca.

Para visitar ou pesquisar na biblioteca da Federação Paulista era necessário estar na presença do Seu Rubens, que muitas vezes recebeu muito bem, outras nem tanto. Eram muitos livros e enciclopédias sobre o futebol do Brasil, coleções das revistas esportivas, livros ou folhetins publicitários das histórias dos clubes paulistas, entre outras raridades. Um paraíso para quem gosta…

Não foram muitas as visitas, pois sempre havia a necessidade de agendar com Seu Rubens, permitindo umas duas ou três horas apenas de pesquisa. Não havia até o momento nenhum livro especifico do campeonato paulista, e o Seu Rubens, passava suas horas escrevendo seu importante e inédito livro, escrevendo e escrevendo em uma máquina de escrever preta “das antigas”.

Na quarta ou quinta visita a biblioteca da federação, Seu Rubens, me disse:

– “O rapaz, eu não vou mais vir até aqui à biblioteca, portanto não vou poder mais abri-la para você. Espero que compreenda”.

Não compreendi, claro…

Neste dia, eu havia mostrado meus desenhos ao Seu Rubens, que na época já estava sendo desenhado em computador, e a impressão era em impressora matricial de 12 pinos colorida. Eu utilizava folha sulfite A3 dobrada para “parecer” uma página de revista.

Assim, com a “dispensa do Seu Rubens”, mas agradecido pelos dias que permitiu minhas pesquisas, agradeci e presenteie com minha “pseudo-revista”, com todos os escudos paulistas que tinha na época.

Muito tempo se passou quando finalmente a Federação publicou o livro do Seu Rubens, “pondo a venda” nas melhores livrarias do país. Comprei tão logo descobri sua publicação. Tal qual foi minha surpresa ao ver meus desenhos ilustrando algumas páginas, e maior surpresa ainda, de observar os equívocos cometidos.

Como isto pode acontecer? Ficando uma mistura de orgulho e decepção. Afinal quem era eu, para ter meus desenhos publicados no livro da Federação, um simples palmeirense, ilustre desconhecido. Provavelmente, Seu Rubens nem lembraria a onde arrumou aquela “pseudo-revista amadora impressa em impressora matricial”. Embora minha logomarca estava estampada junto aos escudos, com sempre fiz.

O orgulho venceu, fique orgulhoso dos meus desenhos publicados, mesmo que no total anonimato. O problema era os equívocos cometidos pelo diagramador, ou sei lá quem.

Reparem nas páginas “escaniadas” do livro:

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Página 28 – Por alguma razão absurda foi colocado o meu desenho do escudo do Hespanha F.C. em cima do nome Hans Nobiling.

Página 29 – Por falta de atenção foi colocado o meu desenho do escudo do Clube Internacional de Regatas de Santos, acima do S.C. Internacional de São Paulo, erro imperdoável. Na época eu erroneamente considerava o escudo do Clube Atlético Internacional, como o do Internacional de Regatas.

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Página 29 – Foi colocado erroneamente o meu desenho do escudo antigo do Guarani de Campinas, em cima da História do Germânia.

Página 30 – Foi colocado corretamente o meu desenho do escudo da Ponte Preta de Campinas, em cima da sua história. Observe meus traços amadores.

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Páginas 30 e 235 – Foi colocado corretamente o meu desenho do escudo do Paulistano, em cima da sua história. Observe que é o atual escudo, e não o da época da sua fundação, pois eu não possuia o antigo.

Páginas 86, 280 e 528 – Foi colocado corretamente o meu desenho do escudo do Corinthians, em cima da sua história.

Páginas 104 e 369 – Foi colocado corretamente o meu desenho do escudo do Santos, em cima da sua história.

Páginas 123, 137, 175, 196, 246, 397 e 463 – Foi colocado corretamente o meu desenho do escudo do Palestra Itália, em cima da sua história.

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Páginas 194 e 555 – Foi colocado corretamente o meu desenho do escudo da Portuguesa, em cima da sua história.

Páginas 194 – Foi colocado corretamente o meu desenho do escudo do Comercial de Ribeirão Preto, em cima da sua história. Observe que é o escudo antigo da época da sua fundação.

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Páginas 197 – Foi colocado corretamente o meu desenho do escudo do A.A. Mackenzie College, em cima da sua história. Observe os meus traços amadores deste escudo.

Páginas 332, 390, 497 e 662 – Foi colocado corretamente o meu desenho do escudo do São Paulo FC, em cima da sua história.

Páginas 499 e 619 – Foi colocado corretamente o desenho do escudo do Palmeiras, em cima da sua história.

Não quero aqui com este relato, desmerecer o livro, ou mesmo Seu Rubens, mas os erros cometidos pelo “ilustrador” e seus “supervisores”, que não tinham nenhum conhecimento sobre escudos, fez com que está história tivesse as comprovações necessárias para sua veracidade.

Eu, um simples “botucudo”, faço parte dos colaboradores, mesmo que no anonimato, do livro estatístico mais importante da Federação Paulista de Futebol.

2 pensou em “O Caminho dos “Escudos” – 1902-1952

  1. Jorge Farah

    Caro Ielo, o livro foi escrito de inteira responsabilidade do senhor Rubens, a FPF a época nao fez nenhuma revisão, nada, apenas pagou a impressão.
    Tenho inclusive uma carta escrita de proprio punho de Delphin da Rocha Neto revoltadíssimo, corrigindo inumeros erros em dados compilados.
    Quanto aos escudos o melhor “escudologo do mundo” (se é que isto existe) que eu conheço o Rodolfo assino embaixo do que ele disse anteriormente, ja na confecção da segunda edição nao estava mais na FPF.
    O mais interessante é que se voce não tivesse contado nunca saberíamos disto, gostaria de ter visto esta “revista” que voce fez, de qualquer forma parabens. Pena que o devido credito não foi dado a quem de direito.

  2. Rodolfo Kussarev

    Caro Ielo, essa história é novidade pra mim. Sabe que quando saiu a edição, eu, o Jorgem nós adoramos o livro mas era de doer ver tantos escudos errados. Se soubesse que havia duas fontes…
    Tanto é que quando fomos fazer o Almanaque, não utilizamos esse escudo do Mackenzie pois como tinha muita coisa errada, achamos que tudo estava assim.
    Bom, de qualquer sorte, se serve de consolo, na reedição, que tivemos o prazer de modificar a arte, corrigimos tudo isso! 🙂
    []’s

    Rodolfo Kussarev

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