Eram quarenta minutos do segundo tempo, Maracanã com mais de 128 mil pessoas viam o Flamengo atacar o Vasco em busca do gol que daria a equipe rubro-negra o título do segundo turno e por já ter vencido a Taça Guanabara a conquista do turno dava o título. O jogo era tenso desde o inicio o Vasco precisando de apenas um empate se segurava como podia e ameaçava nos contra ataques com Wilsinho e Roberto Dinamite, lá atrás se defendia como podia com Leão, Orlando, Abel, Gaúcho e Marco Antonio.
O Flamengo apertava mais não conseguia criar muitas chances de gol, no primeiro tempo Zico e Marcinho tiveram chances mais sem êxito, no segundo tempo com Zico duas vezes e Adílio o time ameaçou mais não conseguiu furar o goleiro Leão em tarde inspirada evitava o gol do Flamengo, aqui em Salvador acompanhava o jogo pelo radio pois estava na Valéria um bairro periférico da nossa Capital onde meu falecido pai tinha uma criação de porcos, chegamos em nossa casa e o segundo tempo já ia começar liguei a TV e me sentei sem tomar banho ou mesmo querer jantar, minha mãe insistia para eu tomar banho mais eu ali com meu primo Anacleto que é vascaíno, ligados na partida, Luciano do Vale narrava na TV e meu pai que era fã de radio ouvia Valdir Amaral.
Como todo flamenguista naqueles minutos em que a partida rolava e o gol não saia ficávamos angustiados querendo a todo custo evitar um serie decisiva como a de um ano antes quando perdemos a final nos pênaltis, só de imaginar um novo fracasso diante o nosso maior rival me dava náuseas alem claro das gozações de meu primo, o final se aproximava e o Vasco armava contra ataques com Guina e Roberto Dinamite, para segurar o Flamengo o técnico Orlando Fantoni tirou Wilsinho e colocou Paulo César que era lateral esquerdo que depois veio jogar no Bahia junto com volante Helinho, e para aumentar a velocidade tirou Ramon e pôs Paulinho para atormentar Toninho pelo lado do Flamengo Coutinho colocou Eli Carlos em lugar de Cleber e Alberto Leguelé no lugar de Titã, Leguelé cujo o pai seu Rubens tinha um bar na Ribeira bairro da cidade baixa em Salvador colado com a casa de meu tio Manuel, as vezes quando ia visita-lo encontrava Leguelé batendo bola com os meus primos Silvano e Daniel, além claro de ter jogado no Bahia, ele entrou no lugar de Titã, portanto a cada minuto que passava o Flamengo não conseguir finalizar com perigo as boas chances com Zico o goleiro Leão salvou e Adílio perdeu um gol feito.
Eram quarenta minutos do segundo tempo a torcida do Vasco cantava pois não tinha mais duvidas que o jogo seria 0 a 0, o Vasco sobe ao ataque e Roberto Dinamite vence Rondinelli na corrida e cruza como estava todo no ataque não houve cobertura Paulinho recebe a bola livre sem marcação fechei meus olhos para não ver o pior ele tenta encobrir Cantarelli e erra na cara do gol, a bola nem perto passou, a saída foi rapida havia presa na reposição são quarenta e um minutos a bola chega a Carpeggiani que ver Junior avançar este recebe e devolve para Carpeggiani e se desloca para o meio, o volante abre o bola para Eli Carlos que cai pela esquerda este avança lentamente e cruza muito forte, Marcinho e Zico nem tentam ir na jogada a bola cruza toda a extensão da grande área e encontra o experiente lateral Marco Antonio campeão mundial em 70 pela Brasil, era só deixar a bola sair ou passar para sair jogando, não houve comunicação da zaga nem do goleiro Leão, assustado o lateral manda da bola para escanteio, quarenta e dois minutos é escanteio para o Flamengo pela direita narra Valdir Amaral, Zico se prepara para a cobrança. Rondinelli apelidado como o “ Deus da Raça” sobe para tentar o gol, no meio do caminho ouve Carpeggiani pedir para ele não subir pois Manguito já estava na área cruzmaltina, ele não ouve o capitão e segue para a área, ninguém no Vasco nota a subida do zagueiro flamenguista, Zico nota a presença do companheiro que acena pedindo a bola no segundo pau, “prepare-se Zico para a cobrança do escanteio para o Flamengo, correu Zico lançou a bola na area subiu Rondinelli de cabeça é GOOOOOOOLLLLLLLLL, GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLdo FLAAAAAAAAMEEEEEENGO, RONDINELLI o DEUS DA RAÇA, quarenta e dois minutos do segundo tempo” foi muita emoção festa no Maracanã festa em minha casa em Salvador era o gol do título um gol que ecoou no Brasil por cinco anos, pois foi o gol da largada da afirmação do Flamengo de Zico, Adílio, Junior era o passaporte para mais grandes conquistas.
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Hoje são trinta anos deste momento histórico e ao ver Rondinelli dando entrevista nas TVs falando sobre aquele momento liguei para falar com Alberto Leguelé, não conseguir falar com ele pela manhã mais ele me retornou por volta das 14 horas para falar do sentimento de ter participado daquela memorável conquista, disse-me ele:
“ Caro amigo Dino é como todos me chamam por aqui; rapaz eu joguei no Bahia, em 1976 marquei um gol no Vasco no Maracanã até então era a maior emoção da minha vida, depois foi ser comandado por Zizinho na seleção pré-olimpica onde ganhamos o torneio e marquei gols importantes pelo Brasil, inclusive contra a Argentina, mais igual aquela não existe, ver a massa lotar o estádio desde de cedo ouvir a torcida cantar e gritar o nome de todos os jogadores relacionados quando placar dava as escalações, é preciso ter nervos de aço para suportar tamanha emoção, ficar no banco ali louco para entrar na partida quando o professor Coutinho me chamou fiquei alucinado para entrar nossa ao ver a bola na rede a explosão da torcida o grito de gol dos companheiros rapaz até hoje me dá arrepios dificilmente terei outra grande emoção na minha vida”.
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Leguelé
Há trinta anos! Uma subida mágica digna de Pegassus como um cavalo alado Rondinelli subiu e testou firme forte para a meta era o gol, o gol do inicio de cinco anos de alegrias conquistas estaduais, nacionais e internacionais apartir deste gol o Flamengo conheceu o mundo, um gol divino marcado por um Deus o “DEUS DA RAÇA”.
Fontes: Texto Galdino Silva
Fotos: Flapedia
Alexandre foi certamente um dos jogos inesqueciveis para mim estou em busca de DVD deste jogo e outros memoráveis do Mengão, no dia 3 usei a narração do gol como toque do meu celular.
Lindo texto amigo Galdino!!! Ainda mais que também sou Flamenguista… Abraço!