História do Campeonato de Acesso Paulista – Cap. XV

1961: Não tem pra ninguém – Prudentina campeã!

O Campeonato da 1ª Divisão desse ano teve como campeã a equipe da Prudentina, agremiação já extinta do cenário futebolista paulista. No ano anterior já havia conquistado o titulo da 2ª Divisão, mas de nada valeu esse esforço do ponto de vista de classificação, pois a FPF inexplicavelmente acabou “inchando” o campeonato para 22 equipes. Foram incluídas 11 agremiações a mais das que disputaram no ano anterior. Pela primeira vez seria permitido substituição (mas de apenas um jogador).

Além daquelas que disputaram o certame em 60, exceção ao Comercial (SP) que extinguiu o futebol profissional, reapareceram o América, Corinthians Prudentino e Ponte Preta que perderam o lugar na divisão de elite. Outras agremiações foram beneficiadas com entrada pela porta dos fundos como Paulista, Barretos, Francana e Tupã.

No campeonato as equipes foram divididas em duas séries de onze, os jogos seriam realizados em turno e returno apenas dentro das séries. As equipes campeãs de cada série disputariam a finalíssima e a vencedora ascenderia à divisão de elite.

Nesse ano disputou-se o famigerado “Torneio da Morte” ou popularmente “Rebolo” que teria as duas últimas equipes de cada série.

Classificação – 1ª fase

Série “Paulo Machado de Carvalho”

Colocação CLUBES PG PP J V E D GP GC S
PONTE PRETA 33 7 20 15 3 2 59 18 41
BATATAIS 26 14 20 12 2 6 56 29 27
BRAGANTINO 26 14 20 11 4 5 36 28 8
SÃO BENTO (SOR) 22 18 20 10 2 8 49 33 16
FERROVIÁRIA (BOT) 20 20 20 8 4 8 28 37 -9
NACIONAL 20 20 20 8 4 8 38 34 4
PAULISTA 19 21 20 7 5 8 38 53 -15
IRMÃOS ROMANO 17 23 20 7 3 10 27 32 -5
XV DE JAÚ 16 24 20 6 4 10 27 50 -23
10º ELVIRA 14 26 20 6 2 12 35 47 -12
11º ESTRELA DA SAÚDE 7 33 20 1 5 14 21 53 -32
JOGOS REALIZADOS 110
GOLS ASSINALADOS 414
MÉDIA DE GOLS POR JOGO 3,8

Campeã: Ponte Preta, para o rebolo: Estrela da Saúde.

Série “João Mendonça Falcão”

Colocação CLUBES PG PP J V E D GP GC S
PRUDENTINA 23 17 20 9 5 6 46 36 10
CORINTHIANS (PP) 22 18 20 8 6 6 37 32 5
AMÉRICA 21 19 20 8 5 7 42 41 1
BARRETOS 21 19 20 8 5 7 45 28 17
JABOTICABAL 21 19 20 8 5 7 35 22 13
VOTUPORANGUENSE 20 20 20 8 4 8 27 41 -14
FRANCANA 19 21 20 8 3 9 41 35 6
CATANDUVA 19 21 20 7 5 8 35 45 -10
OSWALDO CRUZ 19 21 20 8 3 9 36 43 -7
10º SÃO BENTO (MAR) 18 22 20 8 2 10 29 37 -8
11º TUPÃ 17 23 20 6 5 9 29 42 -13
JOGOS REALIZADOS 110
GOLS ASSINALADOS 402
MÉDIA DE GOLS POR JOGO 3,7

Campeã: Prudentina, para o rebolo: Tupã.

Jogo que decidiu o campeonato:

Ponte Preta 3 x 2 Prudentina

(prorrogação: Ponte Preta 0 x 2 Prudentina)

Data: 5/11/1961

Local: “Estádio Municipal do Pacaembu”, em São Paulo.

Árbitro: Olten Ayres de Abreu

Renda: Cr$ 951.050,00

Gols: Paulo (2), Ismar.

Cláudio Garcia, Vicente, Ademar Pantera e Reginaldo.

Ponte Preta: Nino; Mário Ferreira, Florindo e Ilzo; Esnel e Ascendino; Nivaldo, Paulo, Ari, Bibe e Ismar (Evanir). Técnico: Francisco Sarno (1924-).

Prudentina: Glauco; Vicente, Roberto e Celso; Fernandinho e Mauri; Reginaldo, Cláudio Garcia, Ademar, Valter e Tomáz (Mendonça). Técnico: Sidnei Cotrim Malmegrim.

Observação: Terminado o tempo regulamentar com a vitória da Ponte Preta, foi necessária a realização de uma prorrogação de 30 minutos (15 x 15), já que a equipe campineira igualou-se à Prudentina em três pontos. Com a vitória na prorrogação por 2 x 0, a Prudentina sagra-se a campeã.

Campanha do Campeão

1ª fase – Série João Mendonça Falcão

1º turno 2º turno

7/05/61: Prudentina 2 x 0 Barretos                   30/07/61: Corinthians (PP) 1 x 1 Prudentina

14/05/61: Catanduva 3 x 3 Prudentina                   6/08/61: Barretos 4 x 1 Prudentina

21/05/61: Prudentina 2 x 2 Corinthians (PP)        13/08/61: Prudentina 2 x 1 Francana

28/05/61: Prudentina 2 x 1 S. Bento (Mar)          20/08/61: Tupã 2 x 1 Prudentina

4/06/61: Oswaldo Cruz 4 x 2 Prudentina           27/08/61: Prudentina 3 x 1 Oswaldo Cruz

11/06/61: Prudentina 2 x 0 Tupã               3/09/61: América 4 x 1 Prudentina

25/06/61: Votuporanguense 1 x 1 Prudentina      10/09/61: Prudentina 3 x 1 Jaboticabal

2/07/61: Prudentina 4 x 1 América                     24/09/61: Prudentina 6 x 1 Votuporanguense

9/07/61: Francana 4 x 0 Prudentina                    1/10/61: Prudentina 8 x 2 Catanduva

16/07/61: Jaboticabal 1 x 1 Prudentina                 8/10/61: S. Bento (Mar) 2 x 1 Prudentina

Finais

21/10/61: Ponte Preta 2 x 2 Prudentina

29/10/61: Prudentina 3 x 2 Ponte Preta

5/11/61: Ponte Preta 3 x 2 Ponte Preta

(prorrogação: Ponte Preta 0 x 2 Prudentina)

Balanço geral: Jogos: 23; Vitórias: 10;             Empates: 6; Derrotas: 7; Gols marcados: 55; Gols sofridos: 43; Saldo: 12

 

Equipe base do campeão

Glauco; Vicente, Baú e Celso; Fernandinho e Mauri; Tomás, Ademar Pantera, Cláudio Garcia, Rubens e Walter. Também jogaram: Ademar, Martins, Roberto, Betão, Ramon, João Carlos, Mendonça, Reginaldo.  Técnico: Sidnei Cotrim Malmegrim.

Destaques:

Glauco José do Nascimento (1940-): guardião seguro foi o grande responsável pela conquista do título. Fernandinho: jogador eficiente tanto no apoio como na defesa. Ademar Miranda Júnior (1941-2001), o Ademar Pantera foi o artilheiro da equipe. Fez sucesso defendendo o Palmeiras, Flamengo e Fluminense. Sua maior inimiga foi a balança. Cláudio Galbo Garcia (1943-), avante que se entendia muito bem com Ademar Pantera. Jogou mais tarde com sucesso no Fluminense e se tornou técnico. Rubens Josué da Costa (1928-1987): O “Doutor Rúbis” depois de fazer sucesso no Flamengo e Vasco da Gama foi peça fundamental na conquista do acesso pela Prudentina.

Curiosidades

  • Artilheiro do máximo do campeonato: Paulo (Ponte Preta): 19 gols;
  • Outros goleadores: Paulo Bim (Oswaldo Cruz) e Cido (Batatais): 15 gols, Milton (Francana) e Prado (Bragantino): 14 gols, Ademar Pantera (Prudentina) e Picolé (São Bento – Sor): 12 gols;
  • Goleiros mais vazados: Garcia (Paulista): 44 gols, Raimundinho (Votuporanguense): 41 gols, Celso (São Bento – Mar): 38 gols, Marcelo (Ferroviária – Bot): 34 gols;
  • Goleiros menos vazados: Floriano (Bragantino): 17 gols, Bonelli (Jaboticabal): 22; Carlos (Batatais): 25;
  • Maior goleada do campeonato: Barretos 8 x 0 São Bento (Mar), em 1/10/1961;
  • Equipes que se destacaram:

Ponte Preta: Valter (Nino); Mário Ferreira, Florindo (Marcos) e Ilzo (Carlinhos); Esnel (Ivan) e Ascendino (Joel); Nivaldo (Severo), Ari (Jair), Paulo (Luiz), Bibe e Evanir (Ismar). Técnico: Francisco Sarno;

Batatais: Carlos (Roberto) (Boareto); Julião, Veríssimo (Valtinho) e Camilo; Salton (Dirceu) e Oscar; Nilo (Piolim), Washington (Bacurau), Cido (Nélson Curitiba), Lizotti (Bazaninho) (Tito) e Canhotinho (Zé Mauro). Técnicos: Tininho e depois Demétrio Soares.

Bragantino: Floriano (Nenê) (Levy); Osmar, Servilio e Mindo (Cassiano); Wálter (Waldemar Fiume) e Dom Pedro (Lúcio); Prado (Liminha), Raluy (Augusto), Mairiporã, Dema e Wilsinho (Alcino);

Corinthians: Acosta (Ari); Bianchini, Bertamin e Luisinho (Sabiru); Joãozinho e Cotia (Roberto); Robertinho (Jonas), Milton (Castilho), Ipojucan (Paulinho), Zé Amaro (Valter) e Plínio (Oiama);

  • Paulo Pisaneschi (1930-1980) veio para a Ponte Preta em 1960 após boa passagem pelo Corinthians. Não conseguiu ajudar a Ponte a evitar o descenso, mas com ele a Ponte quase conquistou o acesso. Antes de ser atleta trabalhava numa carvoaria daí ser conhecido também como Paulo Carvoeiro;
  • O São Paulo emprestou três jogadores ao Batatais: Aparecido Martins Moreira (1939-) o Cido, Bazaninho e Bacurau;
  • Eurípedes Fernandes Piter (1941-) (América) foi um dos melhores marcador de Pelé;
  • Enério Martinelli (1934-1994), disputou nesse ano o último campeonato pelo Paulista. Era um defensor atarracado, pesava 100 quilos e media 1,75 metros. Chamado de “O Canhão do Interior” pela potência de seu chute onde marcava muitos gols principalmente de longa distância. Jogou na equipe jundiaense desde 1952. Encerrou sua longa carreira no Promeca, disputando a antiga 2ª Divisão em 1963;
  • Olimpio Gabriel (1925-?), o Bibe (Ponte Preta) foi um dos jogadores com maior longevidade no futebol. Havia atuado pelo São Paulo anteriormente;
  • O Bragantino fez campanha razoável nesse ano. A equipe contava com grandes nomes do passado: Servílio (campeão pelo XV de Jaú em 51), Mindo (ex Paulista), Mairiporã (campeão pelo Comercial em 58). Mas quem fez mais sucesso foi Antonio Francisco de Prado (1940-), que faria sucesso no S. Paulo mais tarde;
  • O Estrela da Saúde contou com 37 jogadores em seu elenco para a disputa do campeonato. Com tantos jogadores não deu outra: a equipe foi rebaixada para a 2ª Divisão;
  • A dupla de boêmios do América: Walter Vasconcelos Fernandes (1930-1983) tinha um passado futebolístico respeitável onde foi bicampeão paulista pelo Santos (55/56) e passagem pela Seleção Brasileira e Paulista. Moysés Ferreira Alves (1930-1980), o Zezinho, havia passado pelo Botafogo (RJ), São Paulo, Portuguesa (SP), Corinthians, Santos e Seleção Brasileira. Ambos já no ocaso de suas carreiras tinham uma coisa em comum: as farras, as bebidas e a boêmia. No América fizeram meia dúzia de partidas e partiram para outras plagas, onde a vigilância pela vida noturna não eram tão intensa.
  • Revelações do campeonato: José Geraldo Camargo (1938-2007), o Picolé (São Bento – Sor), Prado (Bragantino) e Cleiton Paulo Bim Netto (1941-) (Oswaldo Cruz).

Prudentina 61 (1)

Em pé da esq. p/ direita: Mauri, Fernandinho, Celso, Roberto, Vicente e Glauco.

Agachados na mesma ordem: Reginaldo, Ademar Pantera, Cláudio Garcia, Walter e Tomáz.

Trabalho inédito do autor que contou com a colaboração do Júlio Diogo

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