Mavilis Futebol Clube – Rio de Janeiro (RJ): Duas edições no Estadual de 1933 e 34

Escudo raro de 1930

Por Sérgio Mello

O Mavilis Football Club foi uma agremiação do bairro do Caju, situado na zona norte (vizinho a zona portuária), da cidade do Rio de Janeiro (RJ). A história começou com o surgimento da Fábrica de Tecidos Pau Grande, em 1878, no bairro de Pau Grande (terra de Mané Garrincha), no distrito de Vila Inhomirim, em Magé (na região Metropolitana, do estado do Rio de Janeiro.

Em 1885, passou a se chamar Companhia de Fiação e Tecidos Pau Grande (CFTPG). Um de seus diretores era o gaúcho Manuel Vicente Lisboa, comerciante e atacadista de tecidos, considerado pelos demais sócios o responsável pela reorganização da empresa. De 1889 a 1896, foi o presidente.

Em 1891 a CFTPG adquiriu da Companhia Manufatureira Cruzeiro do Sul a Fábrica Cruzeiro, que estava em construção na área de uma chácara existente na Rua Barão de Mesquita, nº 82, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Em 1892, a CFTPG passou a se chamar Companhia América Fabril.

Em 1903, a empresa cresceu ainda mais, ao comprar a Fábrica Bonfim, que havia pertencido à Companhia União Industrial São Sebastião, e que se localizava na Rua General Gurjão, nº 25, no bairro do Caju – próximo à estação inicial da Estrada de Ferro Rio d’Ouro.

Em 1910, construiu uma nova unidade fabril ao lado da Fábrica Bonfim, no nº 81 da mesma rua. Em homenagem ao Manuel Vicente Lisboa, essa fábrica acabou sendo batizada de “Mavilis”, sigla formada pelas primeiras sílabas de seu nome.

Para controlar o lazer de seus funcionários, a empresa criou, em 1919, a Associação dos Operários da América Fabril. Mas além dela, as unidades fabris também tinham seus times próprios.

Por exemplo, a Fábrica Pau Grande sustentava o S.C. Pau Grande, em que, a partir de 1947, jogou um garoto de 14 anos chamado Manuel dos Santos, mais conhecido por “Garrincha”.

A Fábrica Cruzeiro apoiava o Andarahy Athletico Club, que jogava num terreno vizinho, situado na rua Barão de São Francisco, nº 236, que depois pertenceu ao America F.C., que nada tinha a ver com o América Fabril.

Nessa leva, surgiu a ideia de se criar um time, inspirado no antigo Mavilis Brasileiro FC, que foi fundado por moradores do Bairro de São Cristóvão, principalmente os operários da Fábrica Mavilis e Bonfim (um dos tentáculos da Cia. América Fabril).

Time posado do Mavilis, em 1930

Fundação do Mavilis F.C.

Assim, foi Fundado na terça-feira, do dia 23 de setembro de 1913, por Manuel Vicente Lisboa, que definiu o nome utilizando as primeiras silabas do nome e sobrenomes: MAnuel VIcente LISboa = MAVILIS. O sócio nº 1, foi Joel de Sousa Martins (ex-jogador do Fluminense).

Foram os seus pioneiros: Silva, Constantino, Isnard Pires, Evaristo Teixeira e muitos outros que não mediram sacrifícios e deram o passo inicial para fundar uma nova agremiação. Pelo apoio que receberam da Fábrica Mavilis.

Primeira Diretoria

A 1ª Diretoria foi liderado pelo Presidente Manuel Vicente Lisboa, que tinha os seguintes diretores: Evaristo Teixeira Ferreira; Guilherme Paraense Filho; Manuel Silva, Adelino da Fontes, Antônio Corrêa Torres, Antônio da Silva Guimarães, Constantino Teixeira e Pedro Chagas.

Dentre os nomes acima, uma curiosidade: Guilherme Paraense Filho era filho do tenente do Exército e atleta de Tiro Esportivo do Fluminense, Guilherme Paraense, que foi o 1º brasileiro a conquistar medalha de ouro, na Olimpíada de Antuérpia (Bélgica), na terça-feira, do dia 3 de agosto de 1920.

Bandeira do Reino Unido – Wikipédia, a enciclopédia livre

As cores e o responsável pela aquisição do campo

As cores escolhidas foi o vermelho e azul, inspirado na bandeira inglesa, que na época dominavam as indústrias nesta cidade. A sua Sede e a Praça de Esportes (Praia do Retiro Saudoso) ficavam localizados na Rua Carlos Seidl, nº 993, no simpático bairro do Caju, na zona norte do Rio.

A construção de seu campo teve no desportista Afonso Bebiano um abnegado ao extremo, pois foi quem doou ao clube uma vasta área, na ocasião pantanosa, mas que graças aos verdadeiros mavilenses, conseguiram aterrá-la e construir ali sua praça de esportes.

Uma das primeiras preocupações de seus dirigentes, foi estipular a mensalidade de um tostão antigo, importância essa que em 1913, os seus fundadores encontravam dificuldade para saldar.

Outras modalidades

Além do futebol, o Mavilis foi um dos pioneiros no Futebol de Salão (Futsal) na Guanabara, contando com uma equipe de voleibol. Na década de 60, tinha a ‘queda de braço’, onde clube foi bicampeão com o seu atleta Raimundo Teixeira, na categoria de peso mosca; assim como uma equipe da Pesca Desportiva, criada sob a direção do sr. José Secundo, e filiada à Federação de Pesca.

Fase áurea na década de 30

Em que pese ter permanecido como um clube amadorista a ‘era de ouro’ do Mavilis FC, foi ainda no período amadorista do futebol brasileiro, isso até o ano de 1932. Em 1929, com os seus primeiro e segundo quadros, o Mavilis FC, sagrou-se campeão da Liga Brasileira de Desportos (LBD).

Em 1932, quando o Botafogo levantou o último título do amadorismo, o Mavilis realizou excelente campanha, chegando ao vice-campeonato, na antiga AMEA. Mais tarde passou a ser filiado da Liga Suburbana de Desportos e finalmente ajudou a fundar o Departamento Autônomo da Federação Carioca de Futebol (FCF).

Duas participações na Elite do Futebol Carioca

O Rubro-anil do Caju disputou duas edições do Campeonato Carioca da 1ª Divisão, em 1933 e 1934. O maior momento feito do Mavilis aconteceu em 1934, quando terminou na 3ª colocação do Campeonato Carioca da 1ª Divisão, organizado pela AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos).

Como o Mavilis ingressou no Carioca da 1ª Divisão? Na quinta-feira, do dia 9 de Março de 1933, a AMEA se encontrava em “maus lenções”, com a debandada do Fluminense, Vasco, Flamengo, America, Bangu e Bonsucesso. Diante dessa crise, a entidade convidou o Mavilis, Confiança, River, Olaria e Carioca para recompor o certame.

Mavilis é eliminado pelo Botafogo no Torneio Início de 1933

O Torneio Início do Carioca da AMEA de 1933, foi realizado no domingo, às 11h25min., do dia 16 de abril, no Estádio General Severiano, no bairro de Botafogo, na zona sul do Rio. O Mavilis estreou com vitória diante do Brasil (Urca), pelo placar de 1 a 0. O time formou: China; Genaro e Bagueth; Nenê, Silvério e Procópio; Alvinho, Pisca, Aragão, Hélio e Honorino

O árbitro foi Vicente Neiva Filho. Porém, na segunda fase, o Rubro-Anil do Caju caiu para o Botafogo, que venceu por 3 a 0. O clube da Estrela Solitária chegou na final, mas acabou derrotado pelo São Christóvão Athletico Club por 3 a 0. O time Cadete ficou com o título, enquanto o Botafogo ficou com o vice.

Mavilis fica na 7ª posição no Carioca de 1933

Na tarde chuvosa de domingo, do dia 21 de maio de 1933, o Mavilis debutou na Elite do Futebol Carioca, diante do Engenho de Dentro, no Estádio Retiro Saudoso, na Rua Carlos Seidl, no Caju, na zona norte do Rio.

Um bom público compareceu para prestigiar o Rubro-Anil do Caju, que apesar da boa atuação, ficou no empate em 2 a 2. Na primeira etapa, o Mavilis abriu o placar por intermédio do atacante Honorino.

Na etapa complementar, Mario soltou um foguete para deixar tudo igual. Aos 40 minutos, novamente, Mario fez o 2º tento, colocando o Engenho de Dentro em vantagem. Logo depois, após um escanteio, Pisca I testou de forma fulminante deixando placar em igualdade. O árbitro foi o sr. Pedro Gomes de Carvalho. Nos Segundos Quadros, o Mavilis goleou o oponente por 4 a 0.

O Mavilis: Medonho; Nenê e Bagueth; Camisa, Silvério e Pequenino; Araujo, Harven (Pisca I), Aragão, Honorino e Camarinha.

Engenho de Dentro: Walter; China e Virada; Quino, Adelino e Rubens; 23, Mario, Manolo, Antônio e Aduane.

Em junho de 1933, o Mavilis acabou perdendo um dos destaques, o atacante Honorino, que se transferiu para o Bonsucesso Futebol Clube.

Somente na sexta rodada, o Mavilis obteve a sua 1ª vitória no Carioca de 1933. No domingo, do dia 09 de julho, o Rubro-Anil do Caju foi até a Rua João Pinheiro, no bairro da Piedade, vencendo de forma convincente o brioso River Football Club pelo placar de 3 a 0.

Os gols foram assinalados por Camarinha, no final do 1º tempo.  Anníbal no início da segunda etapa e, novamente, Camarinha, deu números finais ao jogo. Carlos de Carvalho, o “Americano” (Andarahy AC), foi o árbitro da peleja.

River: Nicanor; Pery e Luiz II; Orestino, Gradim e Bolão; China, Manoelzinho, Alemão (Bebeto) e Mies.

Mavilis: Medonho; Bagueth e Genaro; Pequenino, Camisa e Annibal; Alô, Aragão, Goulart, Galhoti e Camarinha.

Campanha do Mavilis em 1933

21 de maioMavilis FC2X2Engenho de Dentro AC
28 de maioOlaria AC2X2Mavilis FC
11 de junhoMavilis FC3X3SC Cocotá
18 de junhoMavilis FC1X4Botafogo FC
25 de junhoSC Brasil1X1Mavilis FC
09 de julhoRiver FC0X3Mavilis FC
23 de julhoMavilis FC3X3Andarahy AC
30 de julhoAA Portuguesa3X3Mavilis FC
27 de agostoMavilis FC2X2Confiança AC
03 de setembroEngenho de Dentro AC3X1Mavilis FC
10 de setembroMavilis FC2X4Olaria AC
1º de outubroBotafogo FC3X0Mavilis FC
29 de outubroMavilis FC4X1River FC
05 de novembroAndarahy AC2X2Mavilis FC
12 de novembroMavilis FC3X2AA Portuguesa
19 de novembroConfiança AC4X2Mavilis FC
26 de novembroMavilis FC2X1SC Brasil
03 de dezembroSC CocotáWOXMavilis FC *

* Um dia antes da partida, o Mavilis entregou os pontos ao Cocotá, enviando Ofício a AMEA, comunicando que não iria comparecer na Ilha do Governador.  

No final, o Mavilis fechou o Campeonato Carioca da 1ª Divisão de 1933, na 7ª posição (num total de 10 clubes): foram 16 pontos em 18 jogos; com quatro vitórias; oito empates e seis derrotas; marcando 36 gols, sofrendo 40 e um saldo negativo de quatro.

O time-base de 1933, do Mavilis: Medonho (Agostinho, Ismael ou China); Nenê (Genaro ou Mello) e Bagueth (Oswaldo ou Genesio); Annibal (Pequenino), Silvério e Camisa; Alô (Ernani ou Araujo), Hermes (Harven ou Tita), Aragão (Mario ou Pisca I), Honorino (Freire ou Goulart) e Camarinha (Galhoti).

Mavilis vice-campeão do Torneio Início de 1934

Um pequeno público compareceu no estádio do Andarahy, na Rua Barão de São Francisco, no bairro do Andaraí, na zona norte do Rio, a fim de assistir o Torneio Início entre os clubes da 1ª Divisão da AMEA, tanto que a renda não chegon a alcançar oitocentos mil réis!

O Mavilis estreou vencendo, no 2º jogo, o River pelo placar de 2 a 1. Arbitragem ficou a cargo do sr. Alfredo da Silva Mesquita. O Mavilis jogou assim: Antônio; Alfredo e Genaro; Silvério, Alô e Antônio; João, Augusto, Ary, Freire e Motta Filho.

O River: Alipio; Francisco e Mello; Rocha, Malaquias e Antonio; Canedo, Oliveira, Couto, Dutra e Luiz.

Na segunda fase, com arbitragem do sr. Carlos de Carvalho, o Mavilis bateu o Confiança, por 2 a 0. O Mavilis: Antônio; Alfredo e Genaro; Silvério, Alô e Antônio; João, Augusto, Ary, Freire e Motta Filho.

Confiança: Couto, Altair e Josué; Elias, Waldemar e Syrio; Euclydes, Rosas, Freitas, Salvador e Martiniano.

Na semifinal, o Mavilis e Olaria empataram sem gols, porém no 1º critério de desempate, o Rubro-Anil do Caju avançou por 2 escanteios a zero. O árbitro foi Alfredo da Silva Mesquita.

O Mavilis: Antônio; Alfredo e Genaro; Silvério, Alô e Antônio; João, Augusto, Ary, Freire e Motta Filho.

Olaria: João; Alfredo e Armindo; Germano, Augusto e Joaquim (Viveiros); Horácio, Rubem Gago, Vieira; Corrêa e Pierre.

Na grande final, com arbitragem de Sebastião de Campos Cesário, Botafogo e Mavilis empataram sem gols, no tempo normal. Na prorrogação, o clube da Estrela Solitária venceu por 1 a 0. O herói foi o atacante Pirica, autor do gol do título. Com isso, o Mavilis ficou com o vice do Torneio Início de 1934.

O Mavilis: Antônio; Alfredo e Genaro; Silvério, Alô e Antônio; João, Augusto, Ary, Freire e Motta Filho.

Botafogo: Germano; Orlando e Vicente; Affonso, Waldyr e John; Eloy, Beijinho, Carvalho Leite, Jayme e Pirica.

Vice-campeão Carioca de 1934

Na estreia do Carioca de 1934 – no domingo, do dia 15 de abril – O Mavilis venceu o Engenho de Dentro por 2 a 1, no Estádio Retiro Saudoso, na Rua Carlos Seidl, no Caju.

Os gols foram assinalados por Ary e Aragão para o Mavilis; enquanto Mário fez o tento de honra do Engenho de Dentro. Sebastião de Campos Cesário foi árbitro da partida. O time do Caju formou assim: Ninho; Alfredo e Genaro; Parreira, Silvério e Alô II; Antoninho, Juca, Aragão, Pisca II e Ary e Alô II (Cap.).

No returno, o Mavilis venceu o Botafogo, que foi o campeão, por 2 a 0 (Gols de Honório e Chavão, ambos na etapa final), em casa, no domingo, do dia 22 de julho de 1934. No final foram 13 pontos em 11 jogos; com seis vitórias, um empate e cinco derrotas; marcando 29 gols, sofrendo 26 e um saldo positivo de três tentos, terminando na 2ª colocação.


Campanha do Mavilis em 1934

15 de abrilMavilis FC2X1Engenho de Dentro AC
22 de abrilBotafogo FC4X2Mavilis FC
29 de abrilMavilis FC4X2Olaria AC
13 de maioSC Cocotá4X3Mavilis FC
20 de maioMavilis FC3X3Andarahy AC
03 de junhoAA Portuguesa1X3Mavilis FC
10 de junho *Mavilis FCWOXRiver FC
24 de junhoSC BrasilXWOMavilis FC
1º de JulhoConfiança ACXWOMavilis FC
15 de JulhoEngenho de Dentro ACXWOMavilis FC
22 de julhoMavilis FC2X0Botafogo FC
29 de julho **Olaria AC3X0Mavilis FC
5 de agostoMavilis FCWOXSC Cocotá
12 de agostoMavilis FC7X3AA Portuguesa
9 de setembroRiver FCXWOMavilis FC
23 de setembroMavilis FCWOXSC Brasil
30 de setembroMavilis FCWOXConfiança AC
13/01/1935Andarahy AC5X3Mavilis FC

* Em razão da recusa da AMEA, em não inscrever o atleta Alfredo da Silva, do River FC, por não conter a assinatura do presidente do clube e haver este atestado o boletim em data anterior a do requerimento feito pelo jogador. O River FC, em represália, não compareceu ao jogo do dia 10 de junho contra o Mavilis FC, perdendo por WO.

** A partida foi interrompida e concluída em 28 de outubro de 1934.

Os demais WO não foram computados, pois os clubes abandoram a competição.

Mavilis é colocado na 2ª Divisão da FMD e desiste de participar do Carioca de 1935

Arquibancadas do tradicional Mavilis, que com apoio dos moradores e comércio da localidade poderá desaparecer, dando lugar a outra, confortável e digna de clube.

Com a criação da nova entidade carioca (Federação Metropolitana de Desportos, no dia 11 de dezembro de 1934), ficou definido em reunião, na sexta-feira, do dia 08 de março de 1935, os seguintes integrantes da Primeira Divisão: Vasco da Gama, Botafogo, Bangu, Carioca, Andarahy, Olaria, Brasil e Madureira.

A decisão de colocar o clube para a Segunda Divisão, da FMD, não agradou a diretoria do Mavilis. Após Assembleia, na terça-feira, do dia 07 de maio de 1935, ficou decidido que o clube não iria do campeonato da FMD. E assim, o Mavilis nunca mais voltou a disputar a Elite do Futebol Carioca.

Campeão na Federação Suburbana de 1938

Acervo de Sérgio Mello – campo do Mavilis, na década de 70

O Mavilis ajudou a fundar a Federação Athletica Suburbana (FAS), onde se sagrou campeão da Zona Sul, no domingo, do dia 5 de julho de 1938, ao bater o Sport Club Rodrigues pelo placar de 4 a 2, no estádio da Avenida Francisco Bicalho, que margeia os bairros do Santo Cristo e de São Cristóvão, situados na Zona Central do Rio.

Os gols foram assinalados pelo meia esquerda Hugo e João, com dois tentos cada para o Mavilis; enquanto Alyrio e Gato fizeram os gols do SC Rodrigues. O árbitro foi o sr. Abilio dos Santos. Na preliminar, os Segundo Quadros, do Mavilis goleou o SC Rodrigues pelo placar de 7 a 2.

Mavilis: Waldemar; Deport e Oswaldo; Alô, Leleco e Tavares; João, Carlos, Walter, Hugo e Moinho.

SC Rodrigues: Phantasma; Alberto e Carijó; Nunes, Herculano e Carestia; Lindo, Bahia, Gato, Marinho e Alyrio.

Conforme pretensões da diretoria mavilense, no lugar desta velha sede esportiva, deverá surgir um belo ginásio.

Mavilis foi um dos fundadores do DA

Na quinta-feira, do dia 07 de julho de 1949, o Mavilis foi um dos fundadores do Departamento Autônomo (DA). O seu melhor resultado aconteceu em 1969, quando terminou com o vice-campeonato, ao perder na decisão para o Atlético Clube Nacional.

Mavilis enfrentou o Flamengo

Na tarde de domingo, do dia 04 de janeiro de 1942, os profissionais do Flamengo enfrentaram, em amistoso, o Mavilis (que tinha ingressado recentemente na Federação Metropolitana, para disputar a Segunda Divisão), no Caju.

Venceu o Rubro-Negro

A luta, como não podia deixar de ser, atraiu ao seu local um público numeroso, que não regateou aplausos ante o espetáculo movimentado que caracterizou o match durante todo o seu transcurso.

A arbitragem do match, esteve a cargo do sr. Pereira da Silva, cujo desempenho satisfez plenamente. Na preliminar, o Tira Teima F. C. venceu o Sapucaia, pela contagem de 3 a 1.

Embora o Flamengo fosse apontado como franco favorito, todavia o seu triunfo não foi fácil. Lutaram os rubro-negros frente a um conjunto que, além de soberanamente organizado, possui ainda um entusiasmo que em certos momentos superou a técnica a superioridade da equipe do campeão de terra e mar.

Assim, o Flamengo teve que agir com bastante cautela, para vencer após uma batalha renhida pela contagem de 5 a 3. Os gols foram marcados pelos rubro-negros por Waldyr (três tentos), Nandinho e Lupércio, um gol cada. Pelo Mavilis, o atacante Vareta, duas vezes, e Djalma, de pênalti, fizeram os gols.

Quadros

Flamengo: Hélio; Barradas e Assumpção; Biguá, Hélio e Médio; Lupércio, Nandinho, Waldyr, Vevé e Jarbas.

Mavilis: Jagunço; Tavares e Waldyr; Aguiar, Tarzan e Flavio; Leléco, Otto, Osmar, 64 (Djalma) e Vareta.

Utilidade Pública

Acervo de Sérgio Mello – campo do Mavilis, na década de 70

O clube foi declarado de Utilidade Pública pela Lei Municipal nº 936, na terça-feira, do dia 15 de setembro de 1959.

Números de sócios em 1967

Em 1967, o uniforme era camisa branca listras azuis e vermelhas, horizontais e calções azuis. Além do Futebol, o clube ainda contava com Futebol de Salão (Futsal), Voleibol, Tênis de Mesa, Torneios de Pesca e Queda de Braço. Nesse ano (1967), o clube contava com o seguinte número de associados: 326 contribuintes; 578 remidos; 22 beneméritos e 13 atletas.

Anos 60: tempos de ‘vacas magras

Embora o futebol fosse a sua principal atividade esportiva, várias vezes o clube viu-se obrigado a ficar afastado do campeonato amador promovido pelo DA, por dificuldades financeiras.

Em 1966, por faltar-lhes condições ficou ausente do campeonato, com a finalidade de poder brilhar em 1967, contudo houve a falta de sorte do Mavilis, que foi atingido pelas enchentes do princípio do ano e os muros que circundam o seu estádio ruíram e na reconstrução dos mesmos.

O dinheiro reservado para custear sua participação no DA foi usado nas obras. Com isso, o Mavilis não disputou o certame do Departamento Autônomo (DA) de 1967.

Diretoria de 1967:

Presidente – Jaime de Melo Borges;

Vice-presidente – Luís de Oliveira;

1º Secretário – Antônio Teixeira Filho;

2º Secretário – Irio Ferreira dos Santos;

1º Tesoureiro – Sátiro da Conceição;

2º Tesoureiro – Paulo dos Santos Sportistch;

Diretor do Departamento de Veteranos – Pedro Fonseca.

Vitrine de troféus do Mavilis, dentre eles um busto de Getúlio Vargas. 

Títulos conquistados em 1913 a 1969:

Campeão do 1º e 2º Quadros da Liga Brasileira de Desportos (1923);

Campeão da Liga Suburbana (1929);

Campeão Carioca dos Segundos Quadros da Segunda Divisão (1931);

Vice-campeão da ANEA, sendo que o Botafogo foi o campeão (1932);

Vice-campeão do Torneio Início do Campeonato Carioca (1934);

Campeão da Zona Sul da Federação Atlética Suburbana (1938);

Campeão de Aspirantes do Departamento Autônomo (1951);

Campeão da Série Urbana, na categoria de Aspirantes (1951);

Supercampeão de Aspirantes do Departamento Autônomo (1957);

Campeão de Aspirantes da Série Alfredo Tranjan (1957);

Campeão de Aspirantes do Departamento Autônomo (1958);

Campeão da Disciplina (1960);

Vice-campeão do Torneio Major Aulio Nazareno, na categoria Infanto-juvenil (1961);

Campeão do Torneio Início Infanto-juvenil (1962);

Vice-campeão de Aspirantes da Série Durval Figueiredo (1963);

Campeão da Série Durval Figueredo de amadores (1963);

Vice-campeão de Aspirantes da Série Almir Santos (1964);

Bicampeão Carioca de ‘Queda Braço’, na categoria Mosca médios (1963-64);

Vice-campeão Carioca de ‘Queda Braço’, na categoria nos Médios (1963-64).

Campeão da Série Comitê Olímpico Brasileiro, do Departamento Autônomo (1969);

Vice-campeão do Departamento Autônomo, categoria adultos (1969);

Alguns jogadores revelados:

Pascoal, Espanhol e Vicente (o Pé de Ouro), no amadorismo (Vasco da Gama e depois, São Cristóvão); Djalma (Flamengo); Gualter (Bangu, Fluminense e São Cristóvão); Joel (Fluminense); Santo Cristo (São Cristóvão, Vasco da Gama e outros); Constantino (Sedan, da França); Sérgio (Vasco da Gama); Jurandir (Athletico Paranaense); Tião (Coritiba);. o ponta-direita Tonho (Bangu, em 1967); O ponta esquerda Antônio Carlos (Botafogo, em 1989), centroavante Nando (Flamengo, em 1989).

O alambrado do campo do Mavilis, no Caju. O clube está trabalhando para construir o novo muro, pois o antigo foi derrubado pelos temporais no início de 1967.

Fim da linha do Mavilis

Na década de 70, o clube participou com as equipes de base. Além disso, o campo era utilizado pela escolinha de futebol e o juvenil do Fluminense treinavam ali. Em 1980, começou a derrocada, após a Cia. América Fabril ter entrado na justiça com pedido de reintegração da posse, pelo que fez um depósito de Cr$ 42 milhões como indenização pelas benfeitorias da sede do Mavilis Futebol Clube. Vale lembrar que os terrenos da Rua Carlos Seidl, no Caju foram cedidos pela União e Indústria América Fabril, em 1913.

A Associação de Moradores do Caju e a diretoria do Mavilis, alegam que parte dos terrenos pertencia a Marinha e ao Arsenal de Guerra, e, além disso, a fábrica, falida em 1975, não poderia dispor da quantia depositada, a menos que houvesse algum grupo interessado na utilização da área.

O espaço físico possuía 10 mil m² divididos em um campo de futebol, duas quadras de futebol Society, bar, vestiários e um galpão para festas e prática de esportes.

A relação entre o clube e os moradores da região era estreita, uma vez que o Mavilis cumpria uma função social, cedendo espaço para o lazer dos moradores mais humildes e acolhendo os desabrigados.

Na época, a presidente da Associação de Moradores do Caju, Shirley Salim, revelou que o Mavilis foi a salvação” quando 30 barracos da comunidade do Buraco da Lacraia foram destruídos por um incêndio em outubro de 1982: “Os moradores foram instalados justamente aqui. E agora estou pedindo espaço para quatro famílias que não têm onde ficar“.

As cinco favelas do bairro, segundo o diretor social Edgar Antônio da Silva, eram as mais beneficiadas, pois ali elas promoviam festas e partidas de futebol sem que nada lhes seja cobrado.

O Mavilis contava com 384 sócios que, desde 1976, não pagavam a taxa de manutenção mensal de Cr$ 50,00. O barzinho estava arrendado e os Cr$ 100 mil que a diretoria do clube receberia não seriam suficientes para o pagamento de Cr$ 140 mil pelo fornecimento de energia ou de Cr$ 20 mil semanais pelo trabalho do zelador.

Infelizmente, após uma longa batalha judicial com a Cia. América Fabril, então em liquidação judicial, o Mavilis Futebol Clube acabou perdendo. Mesmo com o clamor dos moradores do Caju, o Rubro-Anil do Caju acabou sendo despejado, a sede destruída, colocando um ponto final em mais de 70 anos de história!  

Imagem visto de cima de como está atualmente a sede e o campo do Mavilis (linha vermelha)

ARTE: desenho dos escudos e uniformes – Sérgio Mello

FOTOS:  Estadio – Supplemento Semanal Sportivo de O Cruzeiro (RJ) – O Globo Sportivo (RJ) – Google Maps Street View – Acervo de Sérgio Mello

FONTES: A Luta Democrática (RJ) – Jornal do Brasil (RJ) – Jornal do Commercio (RJ) – Jornal dos Sports (RJ) – O Globo (RJ) – Nilo Dias – O Jornal (RJ) – Última Hora (RJ)

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