Por Sérgio Mello
O Sete de Setembro Futebol Clube foi uma agremiação da cidade do Rio de Janeiro (RJ). O “Rubro-Anil” Foi fundado na segunda-feira, do dia 07 de Setembro de 1942 (Dia da Independência). A 1ª Diretoria foi constituída com os seguintes membros:
Presidente – Manuel Pereira;
Vice-presidente – José Romeu;
Secretário – Gerson Cardoso;
Tesoureiro – Agenor Palhares;
Diretor de Esportes – Dinorá Garcia;
Diretor Social – José Paula de Jesus;
Diretor de Património – Henrique Gomes da Silva.
Sede social inaugurada em 1954
A sua Sede social {avaliada em 1967, em NCr$ 20.000,00 (vinte mil cruzeiros novos)}, ficava localizado na Avenida Afrânio de Melo Franco, nº 345, na Favela da Praia do Pinto, no bairro do Leblon, na Zona Sul do Rio/RJ.
Foi inaugurada na noite de sábado, do dia 4 de dezembro de 1954, graças ao entusiasmo e a dedicação dos seus antigos associados, dentre eles: Manoel Pereira, José de Almeida Neto, Mário Correia, Djalma Dutra, Manoel Julião, Wilson Palhares, José Custódio, Celso Maltes, Sebastião Jonas e Felix Domingues.
Para comemorar o grande acontecimento, a diretoria organizou um programa que constará de sessão solene, às 20 horas e 30 minutos, sendo inicialmente feita a benção pelo Padre Campos Góis, vigário da matriz de São Judas Tadeu.
A seguir, tomou posse a nova diretoria e, após serão entregues os títulos honoríficos e dos benfeitores do tradicional e vitorioso clube.
Após a solenidade, que contou com a presença de várias autoridades esportivas, aconteceu o grande baile de gala. O Sete de Setembro, em sinal de gratidão, entregou os títulos de sócios beneméritos ao nosso colega da Televisão Tupi, José Maria Scassa; aos desportistas Antônio Avelar, Álvaro da Costa Melo, Adriano Rodrigues, João Assis, Silvio Pacheco, Ariosto Semeraro, Antônio Moreira Leite, Carlos Alberto Del Castillo e Manoel Pereira, os quais, com valiosas doações, contribuíram para a construção de uma sede confortável.
Além do futebol, o clube oferecia ao associado: Bailes, jogos de salão, cinema e excursões. O seu uniforme era: camisa azul, com gola e punhos vermelhos. Calções vermelhos.
Quer jogar? É só ligar!
No ano de 1949, saíram algumas notas, onde o Sete comunicava que para quem desejasse enfrentá-los, deveriam entrar em contato pelo telefone: 27-5601, e falar com o Sr. Gesny Cardoso ou Néca, das 17 às 20 horas.
Triunfos na excursão à Rio Bonito/RJ
No domingo, do dia 1º de Maio de 1949, na cidade fluminense de Rio Bonito, o encontro entre o Sete de Setembro F. C. versus o Motorista F. C. daquela localidade. Chefiados pelo veterano Néca, o clube carioca, desde a sua chegada pela manhã, foi logo cercado de inúmeras gentilezas pelos desportistas locais.
À tarde, antes do início da partida, no centro do gramado, foram trocadas as flâmulas dos clubes. Na partida principal, entre os primeiros quadros do grêmio do Leblon e do Motorista, promotor da excursão, ο team praiano, exibindo-se com maior destaque, conquistou brilhante vitória sobre a valente equipe do Motorista, que ofereceu enorme resistência para ser vencida por 2 a 0. Os gols foram assinalados por Batista e Jair.
O Primeiro Quadros do Sete, atuou com a seguinte formação: Fifito; Horácio e Mineiro; Alaor, Grita e Caboclo; Jair, Izidro, Baiano, Bibinha e Batista.
Motorista: Saquarema; Nem e Vavá; Paulo, Ademar e Brandão; Baiano, Waldir, Bombo, Cabeleira e Melquiades.
O segundo team do Sete, também venceu por 3 a 1, e jogou da seguinte maneira: Wilson; Jagunço e José; Herminho, Gesmi e Cachoeira; Zeca, Nilton, Constantino, Padeiro e Paraíba.
Sete x Céres de Bangu
Na segunda-feira, do dia 04 de julho de 1955, o Sete de Setembro enfrentou o Céres, em Bangu. O quadro principal jogou: Fifito; Bibinha e Brôa (Caboco); Getúlio, Tizil e Raimundo (Luiz); Djalma; Jair, Flávio (Baiano), Tião (Vandinho) e Joãozinho. Segundo Quadro formou: Edgard (Graça); Mário e Walter; Jagunço, Cláudio e Sérgio; Carlinhos, Milton, Norival, Murilo e Batista.
Número de sócios e subvenção
Em 1967, o Sete contava com 500 sócios, entre contribuintes e atletas, no valor mensal de NCr$ 2,00 (dois cruzeiros novos). Nome do sócio n.º 1 foi Wilson Palhares Marinho. O clube contava com as categorias: Amador, Aspirante, Infanto-juvenil e Juvenil.
Entre 1942 a 1960, o clube era subvencionado (recebia um incentivo governamental). Quando a capital passou para Brasília a subvenção foi suspensa até 1967, quando voltou a receber a verba.
Seu Zezinho é eleito presidente
Na terça-feira, do dia 15 de agosto de 1961, foi eleito para presidente do Sete de Setembro, o sr. José de Almeida Netto (Zezinho). Para vice-presidente, foi eleito o sr. Nelson Campos da Silveira.
A chapa vitoriosa denominada “velha guarda“, que lutou pela volta do seu ex-presidente o sr. José de Almeida Netto, já presidiu o clube por mais de duas vezes contou com o apoio e o prestigio das figuras mais tradicionais da simpática agremiação:
os veteranos: Néca, Zé Cavaquinho, Izidin, Henrique, Neis Nascimento, Prego, Manuel Julião, Antônio Chagas e Tininho. Além dos atletas: Flávio, Vandinho, Djalma, Beleza, Nilton, Tião Naval, Nelson Borges, Fifito, Raimundo, Getúlio, Jagunço, Amaro, Arlindo e Dario. E das associadas: Zizita, Nail e Sebastiana.
Títulos do Sete de Setembro
Campeão invicto da Copa “A Manhã”: 1947;
Campeão da Série Zona Sul do Torneio Octacílio Rezende: 1948;
Campeão da Série Zona Sul do Torneio promovido pelo jornal “A Manhã”: 1949;
Vice-campeão do Torneio promovido pelo jornal “A Manhã”: 1949;
Tricampeão Amador e Aspirante do Campeonato da Liga Esportiva da Zona Sul: 1955, 1956 e 1957;
Bicampeão da Disciplina do Departamento Autônomo: 1964 e 1965.
Adílio foi o principal craque revelado
O Sete de Setembro Futebol Clube já alguns craques: Valdemar (Vasco da Gama), Norival (Campo Grande); Domingos (São Cristóvão); Caboclo e Louro (Portuguesa Carioca).
O principal nome revelado pelo Sete foi, sem dúvidas, Adílio de Oliveira Gonçalves, o Adílio, filho do Sr. Sebastião Peixoto Gonçalves e Laíde de Oliveira. Em 1964, com apenas 7 anos, jogava pelo Sete quando enfrentou o Clube de Regatas Flamengo.
Apesar do seu time ter sido goleado por 5 a 1, Adílio foi o destaque do Sete. Após a partida, o menino bom de bola foi chamado para ficar na Escolinha do Flamengo. Adílio relembrou a emoção: “Puxa, que alegria eu senti”, revelou.
Como o “Rubro-Anil” não contava com um campo próprio, mandava os seus jogos no campo do Marilis Futebol Clube, situado no bairro do Caju, na Zona Norte do Rio/RJ.
Disputou nove edições do Departamento Autônomo
Na quarta-feira, do dia 10 de fevereiro de 1960, o Sete de Setembro ingressou no Departamento Autônomo (DA), da Federação Metropolitana de Football (FMF). O clube disputou nove edições do DA: 1960, 1961 (Série Fedders), 1962 (Série Moacir Pereira), 1963 (Série Durval Figueiredo), 1964 (Série Almir dos Santos), 1965 (Série Eudomílio Dultra), 1966 (Série Sami Jorge) e 1968 (Série Deputado Vitorino James) e 1969 (Série CND).
Em 1967, o Sete se afastou das competições de futebol do Departamento Autônomo. Para poder atender outros setores do clube, seus dirigentes preferiram ficar pelo menos duas temporadas de fora.
Para a temporada de 1968, o clube contava número de 28 jogadores (Amadores e Aspirantes) para jogar o Departamento Autônomo: Juca, Gilson, Irênio, Nilo, Antônio, Armando, Mosquito, Miltinho, 28, Acl, Sebastião, Padeirinho, Adilson, João Batista, Biú, Moacir, Carlos Maia.
Diretoria de 1967
Presidente – Arlindo Barbosa Estêves; Vice-presidente – Nélson Campos da Silveira; Secretário – Gessi Barbosa da Silva; 2º Secretário – Luís Carlos Pedreira; Tesoureiro – Celso Maltez; 1º Diretor de Esportes – José Custódio; 2º Diretor de Esportes – Sebastião Pitz.
Algumas formações:
Time base de 1946: Athayde; Zé Bode e Toti; Félix, Carlos e Bonito; Hilário, Caboco, Romeu, Jesmes e Padeirinho.
Time base de 1947: Francisco; Quinha e Navalha; Tião, Grita e Bonitão; Papeti (Jair), Geraldo, Baianinho, Izidro e Jesmes.
Time base de 1948: Pomba; Horácio e Mineiro; Noberto, Frank e Agenor; Padeirinho, Egídio, Jair, Leleu (Baiano) e Batista (Bibinha).
Time base (1º Quadros) de 1949: Fifito (Jorge); Horácio e Mineiro; Alaor (Cachoeiro), Grita (Tião) e Caboclo; Jair, Izidro (Carango), Baiano, Bibinha (Bill) e Batista (Gesny).
Time base (2º Quadros) de 1949: Wilson; Jagunço e José; Herminho, Gesmi e Cachoeira; Zeca, Nilton, Constantino, Padeiro e Paraíba.
Time base (1º Quadros) de 1950: Fifito; Jesmes II e Mineiro (Ermínio); Caboclo, Grita e Jesmes I; Jair (Nelson), Baiano (Nilton), Izidro (Bill), Geraldo (Tião) e Bibinha (Batista).
Time base (2º Quadros) de 1950: Beleza (Gonçalo); Raimundo (Jagunço) e Zé Martins (Zé Waldemar); Roberto (Telço), Júlio (Barba Russa) e Sarrafo (Djalma); Luiz, Caxoeira (Baiano II), Zeca, Oswaldo (Padeiro) e Gesny.
Time base (1º Quadros) de 1955: Fifito; Bibinha e Broa (Caboco); Getúlio, Tizil e Raimundo (Luiz); Djalma; Jair, Flávio (Baiano), Tião (Vandinho) e Joãozinho.
Time base (2º Quadros) de 1955: Edgard (Graça); Mário e Walter; Jagunço, Cláudio e Sérgio; Carlinhos, Milton, Norival, Murilo e Batista.
Time base de 1962: Fico; Álvaro e Campista; Antônio, Nilo e Meton; Naval, Djalma, Batista, Bimba e Nilton.
Time base de 1963: Joca (Adão); Jorge (Renato) e Tiziu; Irênio, Nilo (Miltinho) e Mesquita (Reinaldo); Armando, Antônio (Mosquito), César (Alcir), Alceu e Antenor.
Time base de 1965: Osvaldo (Baianinho); Luís Carlos (Brás), Baiano, Miltinho e Didinho (Nilo); Tiziu (Pereira) e Paulinho (Antônio); Sérgio (Cutico), Armando (Piauí), Nelson (Dunga ou 28) e Wilson (Sebastião).
Time base de 1966: Adão; Jorge (Gil ou Zé Carlos), Luís (Coca ou Brás), Miltinho (Hugo) e Antena (Serginho); Paulinho (Tiana ou Mosquito) e João Batista (Toninho); Zaldo (Miguel), Rocinho (Antônio), Hércules (Antenor) e Tônio (Jurandir). Técnico: Sebastião.
Time base de 1968: Naval; Paulinho, Hugo, Luís Carlos e Nilo (Hamilton); Nei e João; Antônio, Ari (Armando), Luizinho e Antenor.
Incêndio na Favela da Praia do Pinto abalou o clube
Localizada em uma das áreas mais valorizadas da cidade, a Favela da Praia do Pinto se tornou alvo prioritário da campanha de erradicar de favelas que era movida então pelo governo do estado da Guanabara.
Na madrugada do domingo, do dia 11 de maio de 1969, enquanto se realizavam os preparativos para a remoção dos moradores para outros bairros, ocorreu um Incêndio que destruiu mil barracos e deixou mais de 9 mil pessoas desabrigadas (na época, a favela abrigava 15 mil habitantes).
O incêndio acelerou os trabalhos de remoção da população para Conjuntos Habitacionais em Cordovil, Cidade de Deus, Cruzada São Sebastião e para abrigos da Fundação Leão XIII. E, por tabela colocou um ponto final para o Sete de Setembro Futebol Clube.
Apesar de perder a sede, o Sete de Setembro lutou e ainda disputou o Departamento Autônomo (DA) de 1969. No final, terminou na última colocação da Série CND. A partir daí o clube não resistiu e acabou desaparecendo em definitivo.
ARTE: desenho do uniforme – Sérgio Mello
FOTOS: O Globo Sportivo (RJ) – Correio da Manhã (RJ)
FONTES: A Manhã (RJ) – Correio da Manhã (RJ) – Jornal dos Sports (RJ) – O Globo Sportivo (RJ) – Rio Memorias
Alguém, algum dia, precisa publicar um livro contando a história do Departamento Autônomo e de todos os seus campeonatos. Bem que poderia ser o Sérgio Mello! 😉