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UMA AVENTURA DO CAXIAS EM BLUMENAU/SC – 1928

Nos dias de hoje, uma viagem entre Joinville e Blumenau, distantes cerca de 100 km, demanda pouco mais de 1 hora e meia para ser concluída, seja seguindo pela duplicada BR-101 até se chegar á mortal BR-470, ou seja via BR-101, depois BR-280 e finalmente a SC-414 que corta uma belíssima serra entre os municípios de Guaramirim e Blumenau.

Estes trajetos, todos bem asfaltados, embora perigosíssimos pela falta de rodovias duplicadas, são bem mais acessíveis do que o caminho que Caxias Futebol Clube de Joinville encontrou quando resolveu fazer uma excursão até a ‘vizinha’ cidade em 1928.

Nesta ocasião, qualquer trajeto escolhido era feito por estradas sem qualquer tipo de pavimentação, o que transformava uma simples excursão esportiva numa verdadeira epopeia.

O relato abaixo, extraído do Jornal de Joinville, detalha uma das diversas aventuras futebolísticas registradas em terras catarinenses, lá pelos idos de 1920/30.

Domingo 16 de Setembro de 1928

Em Blumenau:

F.B.C. BLUMENAUENSE 1X4 CAXIAS F.C. (Joinville)

A SAÍDA NO SÁBADO

O Caxias chefiado por seu presidente Irapuan Leal seguiu para Blumenau, animado das melhores esperanças, numa caravana de sete automóveis escalonados, sendo o primeiro carro pertencente ao Sr. Palmyro Vidal, que levou o contador de anedoctas Bento. Além destes e dos atletas, acompanharam a embaixada o tesoureiro Jazer Vieira, o secretário João Lorenzi, os senhores Roberto Schmidlin, Henrique Meyer Jr., Julio Cribari, Otto Schoereder e o tenente Manoel Câmara, que foi como juiz.

A BOIADA ‘CAXIAS’

Todos passaram por várias peripécias até a chegada, devido às más condições do tempo e da estrada, que passava pelas margens do Rio Itajhay. Num dos trechos, a caravana deparou-se com uma boiada composta por onze bois pretos e brancos. Logo todos a apelidaram de boiada Caxias, e para os mais supersticiosos, era um indicio da vitória caxiense no jogo.

A CHEGADA DOMINGO DE MADRUGADA

O Caxias chegou às 3 horas da madrugada (de domingo) em Blumenau, e logo se hospedou no Hotel Wurger na Altona, distante 7 km do centro Blumenau. Faltava ainda o carro de Julio Cribari que trazia o Jazer, Candinho, Manequinho e Amorim.

O AGUACEIRO

Às 10 horas da manhã começou um forte aguaceiro, que pôs em dúvida a realização do jogo. A diretoria do Blumenauense foi buscar os representantes do Caxias, para juntos verificarem as condições do campo, e ao chegaram até ele, mal puderam distinguir o gramado, que estava coberto por um lençol d’água. A solução foi seguirem até o campo do Brasil, que embora também não estava bom, apresentava um melhor aspecto. Desta forma, foi combinado entre as três diretorias, a realização do jogo, no campo do Brasil.

A CHEGADA DO RESTO DO TIME

O Caxias ainda estava receoso pelo atraso do sr. Julio Cribari, já que sem ele, o time só poderia entrar em campo com 9 jogadores. No entanto, as 13:00 horas, todos chegaram são e salvos à Blumenau. O atraso foi motivado por um desarranjo no carro, logo que saíram de Joinville, que fez com que eles retornassem para repará-lo.

 O JOGO

Às 16 horas depois do clássico bate-bola no gramado, era chegada à hora do jogo. A sorte de escolher o campo coube ao Caxias. A linha do Caxias que jogava num terreno pior, cheio de lama, não podia firmar-se bem, o que era aproveitado pelos locais. O jogo mais combinado porém, por parte do alvinegro, leva os seus dianteiros a assediar constantemente o arco. Desse modo, Calafate aos 20 minutos, de perto, conquista o primeiro ponto caxiense. Continuam os ataques por parte dos joinvillenses, que perdem mais duas ótimas oportunidades. Os de Blumenau reagem, mas não fosse a afobação, teriam conseguido empatar. O Caxias continua fazendo pressão e consegue mais dois pontos com Pedro Lemos. Não desanimaram os blumenauenses e alguns minutos depois, devido a uma furada de Candinho, que não pode firmar-se no terreno, fizeram seu único ponto. João saiu do arco, mas não impediu que fosse vasado, terminando assim o 1º tempo com 3×1 para o Caxias.

Reiniciado o 2º tempo, o Caxias entra a atacar, procurando aumentar a contagem. Os blumenauenses começam a desenvolver um jogo um tanto pesado, sendo marcadas varias penalidades. A partida foi interrompida duas vezes para atender os jogadores machucados. Prossegue o jogo, e é marcada uma penalidade contra os locais. Há esforço de parte a parte para aumentar a contagem. Num dado momento que se acha caído um jogador local, os blumenauense conseguem um ponto que é acertadamente anulado pelo juiz. Prosseguem os do Caxias com mais investidas, sendo ao faltar dez minutos, conseguem o ultimo ponto, com Pedro Lemos. Atuou de juiz o Sr. Camara que foi imparcial.

Á NOITE

A noite no Hotel, ocorreram brincadeiras com Bento, Manequinho e Candinho, que nos intervalos exigiam uma rodada de chopps. Os senhores Irapuan Leal e Willy Urban discursaram, os directores dos clubes locais também estavam presentes. A exceção de Henrique Meyer e seus acompanhantes, que voltaram na mesma noite, os demais regressariam apenas na 2ª feira pela manhã.

FUGINDO DA ENCHENTE

Conforme era previsto, a embaixada caxiense deixou Blumenau segunda-feira pela manhã, chegando a Joinville de tarde, após uma vigem sob forte chuva. Apenas Julio Cribari, que já teve problemas na ida, não pode retornar. Ao acordar, ele deparou-se com o Rio Itajahy cheio, inundando parte da Rua XV e impedindo que os automóveis passassem. Segundo alguns, foi cômico ver o sr. Jazer Vieira  tentando colocar 12 pessoas no carro para não serem víctimas do Rio Itajhay.

O TRAJETO ATUAL

120 anos de futebol no Brasil

Charles Miller sempre é lembrado como o introdutor do futebol do Brasil. Ainda que ele não tenha sido o pioneiro a bater a sua bolinha por aqui, ele merece todas as considerações. Afinal, ao trazer a bola e as regras da Inglaterra, o paulistano ajudou a institucionalizar o esporte. Porém, chamar o homem de longos bigodes “apenas” de pai do futebol brasileiro é desconsiderar toda a sua caminhada. Miller era muito, mas muito mais do que isso. Ele também se consagrou como o primeiro craque e o primeiro artilheiro do Brasil, assim como também foi decisivo para criar o primeiro time e o primeiro campeonato.

Nos parágrafos abaixo mostram pontos históricos para o desenvolvimento do futebol brasileiro. Além de locais de jogo, também estão destacados os primeiros clubes que fizeram a história do futebol no país.

SÃO PAULO
Associação Atlética Ponte Preta (Campinas-SP)
O segundo clube mais antigo ainda em atividade e o primeiro de maneira ininterrupta, a Ponte Preta surgiu em 1900. Também foi um dos primeiros times brasileiros a escalar jogadores negros.

Colégio São Luís (Itú-SP)
No prédio onde hoje funciona um quartel do exército, existia o Colégio São Luís. O local é considerado um dos primeiros a trazer o futebol para o Brasil, ainda na década de 1880. O esporte ganhou os seus principais traços no local em 1887.

Parque Antarctica (São Paulo-SP)
O atual terreno do Allianz Parque recebeu a primeira partida oficial da história do futebol brasileiro. Mandante no campo da Companhia Antarctica Paulista, o Germânia foi derrotado pelo Mackenzie, na rodada inicial do Paulistão de 1902.

Associação Atlética das Palmeiras (São Paulo-SP)
O Estádio da Floresta era um dos principais no início do futebol paulista. Era a casa inicial da A. A. das Palmeiras, que daria origem ao São Paulo da Floresta. Atualmente, o antigo estádio pertence ao Clube de Regatas Tietê.

Chácara Dulley (São Paulo-SP)
Antes do início do Campeonato Paulista, o campo era o principal palco de jogos de futebol no país. No local eram realizados os treinamentos do São Paulo Athletic Club, sob a batuta de Charles Miller. Atualmente, no terreno funciona a Fatec da Avenida Tiradentes, no bairro do Bom Retiro.

Sport Club Internacional (São Paulo-SP)
Formado em 1899 por dissidentes do Germânia, que não concordavam com as referências alemãs diante da presença de outros imigrantes no clube. Disputou a primeira edição do Paulista, ao lado de SPAC, Germânia, Mackenzie e Paulistano.

Várzea do Carmo (São Paulo-SP)
O local da primeira partida da história do futebol brasileiro, em 14 de abril de 1895. Atualmente, o local às margens do rio Tamanduateí é ocupado por prédios comerciais do bairro do Brás.

Associação Atlética Mackenzie College (São Paulo-SP)
Os universitários do Mackenzie fundaram o primeiro clube brasileiro para a prática do futebol, em 1898. Entre os pioneiros estava Belfort Duarte, jogador histórico e também líder do America-RJ. A equipe encerrou suas atividades em 1923.

Estádio do Velódromo (São Paulo-SP)
Onde hoje passa a rua Nestor Pestana ficava o Estádio do Velódromo, considerado o primeiro do Brasil. Inaugurado em 1892 para o ciclismo, foi adaptado ao futebol em 1901 e tinha capacidade para 5 mil espectadores.

São Paulo Athletic Club (São Paulo-SP)
O primeiro clube a jogar futebol no Brasil. Fundado em 1888, principalmente para a prática de críquete, era a equipe de Charles Miller e venceu as três primeiras edições do Campeonato Paulista. Seus treinos e primeiros amistosos eram realizados na Chácara Dulley, no Bom Retiro. Atualmente, segue em atividades amadoras poliesportivas.

Club Athletico Paulistano (São Paulo-SP)
Fundado em 1900, tornou-se o maior campeão paulista durante o amadorismo, superado pelo Corinthians apenas em 1939. Com a camisa da equipe que Friedenreich viveu os seus melhores momentos.

Sport Club Germânia (São Paulo-SP)
O atual Esporte Clube Pinheiros  surgiu em 1899 e é o segundo clube fundado para a prática de futebol, a partir dos esforços de Hans Nobling – que atuava em um clube homônimo na Alemanha. Naquele mesmo ano, desafiou o Mackenzie para a primeira partida entre clubes da história do país, um empate por 0 a 0.

Campo da Vila de Paranapiacaba (Ribeirão Pires-SP)
No caminho da estrada de ferro que ligava São Paulo ao porto de Santos, o campo é considerado o mais antigo do Brasil, surgido em 1894.

Americano Sport Club (Santos-SP)
Fundado em 1903, se tornou um dos primeiros times de fora da capital a disputar o Paulista, em 1907, ao lado do conterrâneo Internacional. O clube de Santos acabaria se mudando a São Paulo na década seguinte. Foi o primeiro brasileiro a vencer um time estrangeiro, em 1911, e o primeiro a excursionar pelo exterior, em 1913.

RIO DE JANEIRO
Fábrica Bangu (Bangu-RJ)
Local onde o escocês Thomas Donohoe bateu bola com os funcionários da Fábrica Bangu em 1894. A empresa também deu origem ao Bangu Atlético Clube, em 1904, sétimo clube mais antigo do país ainda em atividade e um dos primeiros clubes brasileiros a aceitar negros.

Rio Cricket Associação Atlética (Niterói-RJ)
A filial de Niterói do Rio Cricket carioca se tornou uma dissidência da matriz e, em 1901, disputou em sua sede aquela que é considerada a primeira partida da história do futebol carioca. Também contou com a participação de Oscar Cox.

Marina da Glória (Rio de Janeiro-RJ)
No terreno onde hoje funciona o Hotel Glória, aconteceu aquele que é considerado um dos primeiros bate-bolas relatados no Brasil, em 1874. Marinheiros ingleses realizaram a pelada no local, mas levaram a bola consigo.

Rua Paissandu (Rua Paissandu)
Em frente à residência real de Princesa Isabel, os tripulantes do navio Crimeia realizaram uma pelada em 1874. O mesmo endereço abrigou o primeiro estádio do Flamengo, a partir de 1915.

Fluminense Football Club (Rio de Janeiro-RJ)
Em 1902, Oscar Cox também ajudou a fundar o Fluminense, primeiro “clube de futebol” do Brasil a registrar suas atividades no nome. Também o primeiro dos 12 grandes a praticar a modalidade (Flamengo e Vasco já existiam, mas apenas como clubes de regatas). O Estádio das Laranjeiras abrigou o primeiro jogo da Seleção.

Botafogo de Futebol e Regatas (Rio de Janeiro-RJ)
O Botafogo é o oitavo clube de futebol mais antigo do país ainda em atividade, iniciando o seu time de futebol em 1904. Logo criou o clássico mais antigo em disputa, contra o Fluminense. O Estádio de General Severiano abrigou jogos dos combinados que originariam a seleção brasileira.

Paissandú Atlético Clube (Rio de Janeiro)
Fundado em 1872, o antigo Rio Cricket foi o primeiro clube a praticar o futebol no Rio de Janeiro. O principal pioneiro do esporte na capital foi Oscar Cox, filho de ingleses que estudou na Suíça e introduziu efetivamente as regras. Antes de sua chegada, alguns amistosos entre imigrantes já eram realizados no clube.

PARANÁ
Foot-ball Club Ponta-Grossense (Ponta Grossa-PR)
No campo próximo ao cemitério municipal de Ponta Grossa se disputou o primeiro jogo do futebol paranaense, em 1909 – desde o início da década, há registros de “bate-bolas” em Curitiba. O clube local recebeu o embrião Coritiba e venceu por 1 a 0, gol de Charles Wright, considerado o introdutor do futebol no estado.

Coritiba Foot-ball Club (Curitiba-PR)
Após o amistoso em Ponta Grossa, os curitibanos que participaram da partida resolveram criar o paranaense mais antigo ainda em atividade e o primeiro da capital. Em outubro de 1909, um grupo de descendentes de alemães fundou o Coritiba.

SANTA CATARINA
Gymnasio Santa Catharina (Florianópolis-SC)
A introdução do futebol em Santa Catarina se deu a partir do colégio, em 1906. O local permaneceu como único centro que praticava a modalidade no estado até 1911.

Brazilian Foot-Ball Club (Florianópolis-SC)
Em junho de 1911, o primeiro clube de futebol catarinense além do ginásio: o Brazilian. Nos meses seguintes, também nasceram o Barriga Verde Foot Ball Club e o Clube Sportivo Florianópolis, na capital, além do Itajahyense Football Clube, em Itajaí. Time mais antigo do estado na ativa, o Hercilio Luz foi criado em 1918.

RIO GRANDE DO SUL
Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense (Porto Alegre-RS)
Após uma série de amistosos do Rio Grande em Porto Alegre, em 1903, surgiu o clube mais antigo de Porto Alegre ainda em atividade. No mesmo dia, também foi fundado o Fussball Club Porto Alegre, já extinto. O Tricolor é o sexto time mais antigo do país que segue na ativa.

Sport Club Rio Grande (Rio Grande-RS)
O clube mais antigo do Brasil em atividade (mas não de maneira contínua) surgiu em 19 de julho de 1900, na cidade de Rio Grande. Reuniu brasileiros, alemães e ingleses, sob a liderança de Johannes Minnemann.

Esporte Clube 14 de Julho (Santana do Livramento-RS)
A influência uruguaia permitiu que o 14 de Julho se tornasse o segundo clube gaúcho (e quarto no Brasil) ainda em atividade a disputar a sua primeira partida de futebol, em 1902.

Uruguaiana (Uruguaiana-RS)
A cidade fronteiriça, assim como Santana do Livramento, possui indícios de partidas de futebol desde o início da década de 1890. Os eventos ocorreram sob influência de uruguaios e argentinos, já iniciados no esporte.

MINAS GERAIS
Sport Club Foot-Ball (Belo Horizonte-MG)
O primeiro clube de futebol de Minas Gerais surgiu em 1904, fundado por Victor Serpa. Os estudantes que formavam a equipe também ajudaram a realizar a primeira edição do Campeonato de Belo Horizonte. Foi o primeiro adversário do Atlético Mineiro, em 1908.

Clube Atlético Mineiro (Belo Horizonte-MG)
Fundado por um grupo de estudantes e de proletários, o Atlético é o clube mineiro mais antigo em atividade. Surgiu em 1908, mas só entrou em campo pela primeira vez no ano seguinte.

Villa Nova Atlético Clube (Nova Lima-MG)
Segundo clube mais antigo de Minas Gerais ainda em atividade, logo depois do Atlético Mineiro, compensou sendo o primeiro a entrar em campo, em 1908. Teve sua origem entre mineradores e operários ingleses.

ESPÍRITO SANTO
Vitória Futebol Clube (Vitória-ES)
Inspirados pelo Fluminense, um grupo de estudantes capixabas que voltou de férias à Vitória criou o primeiro time de futebol do Espírito Santo. O clube, no entanto, não tinha sede e se constituía a partir da iniciativa de seus membros.

BAHIA
Sport Club Bahiano (Salvador-BA)
No antigo Campo da Pólvora, aconteceu o primeiro jogo da história do futebol baiano, organizado por Zuza Ferreira. Já em 1903, funcionários do comércio fundaram o Sport Club Bahiano, participante da primeira edição do estadual, dois anos depois.

Sport Club Victória (Salvador-BA)
O Vitória surgiu como um clube de críquete em 1899, iniciando suas atividades no futebol apenas dois anos depois. Assim, segue como o time de futebol mais antigo do Nordeste e o terceiro do Brasil que mantém-se atuante.

SERGIPE
Sport Club Lux (Aracajú-SE)
Os primeiros relatos de jogos de futebol em Aracaju datam de 1907. Dois anos depois, um grupo de estudantes criou o Sport Club Lux, depois renomeado para Club de Football Sergipano, equipe pioneira no estado.

ALAGOAS
Sport Club Penedense (Penedo-AL)
O futebol já tinha surgido de maneira esporádica em Maceió, mas o primeiro clube perene de Alagoas é o Penedense. A equipe surgiu em 1909, um ano depois do extinto Alagoano Football Club, da capital.

PERNAMBUCO
Sport Club do Recife (Recife-PE)
O Sport segue como o clube mais antigo de Pernambuco ainda em atividade, disputando o seu primeiro jogo em 1905. Os primeiros relatos do esporte no estado vêm de 1903, em peladas realizadas por imigrantes ingleses que viviam em Recife. Embora tenha sido fundado em 1901, o Náutico só iniciou o futebol oito anos depois.

PARAÍBA
Club de Foot Ball Parahyba (João Pessoa-PB)
Os primeiros registros do futebol na Paraíba vêm de 1908, quando estudantes trouxeram a bola e as regras do Rio de Janeiro. A iniciativa impulsionou a criação do Parahyba, presente na primeira partida do estado.

RIO GRANDE DO NORTE
Sport Club Natalense (Natal-RN)
A primeira bola de futebol chegou em Natal pelas mãos de dois irmãos que estudavam na Inglaterra. A partir disso, o Natalense surgiu em 1904. A maior organização do futebol portiguar, contudo, se deu em 1915, ano de fundação do ABC, do Alecrim e do América.

CEARÁ
Football Club (Fortaleza-CE)
Há divergências sobre as origens do futebol cearense, entre a passagem de um clube inglês em 1903 e a chegada da primeira bola, com José Silveira, no ano seguinte. No primeiro dia de 1904, no entanto, apareceu o primeiro time de futebol do Ceará, o Football Club.

PIAUÍ
Parnahyba Sport Club (Parnaíba-PI)
Clube mais antigo do Piauí que segue em atividade, o Parnahyba foi criado em 1913. Inspirado nos estádios ingleses, o Estádio Petrônio Portela foi inaugurado em 1920 e era conhecido como Casa Inglesa.

MARANHÃO
Fabril Athletic Club (São Luis-MA)
Nhozinho Santos, que hoje dá nome um dos principais estádios do Maranhão, levou o futebol ao estado em 1905. Após estudar na Inglaterra, trouxe a novidade aos funcionários da fábrica têxtil onde trabalhava. Assim, criou-se o Fabril, que disputou o primeiro jogo em 1907.

PARÁ
Largo de Nazaré (Belém-PA)
O local no centro de Belém tem seus relatos de bate-bolas em 1890, antes mesmo da chegada de Charles Miller. Os rachões eram organizados por imigrantes ingleses que viviam na capital paraense.

AMAZONAS

Na ilustração: Disputa entre Brazil e Racing Club

Racing Club (Manaus-AM)
Fundado em 1906, o Racing foi idealizado por José Conduru Pacheco, maranhense que teve contato com o futebol em Manaus. Meses depois surgiu o Manáos Sport Club, criado por ingleses e principal rival do Racing.

ACRE
Xapury Sport Club (Xarupi-AC)
Os primeiros registros de futebol no Acre vêm de 1912, na cidade de Xapuri. Por lá, surgiram os dois primeiros clubes, o Xapury Sport Club e o Commercial Football Club, em 1915. Quatro anos depois, a capital Rio Branco teria as suas equipes pioneiras – o Acreano e o Rio Branco.

MATO GROSSO
Cuiabá Futebol Clube (Cuiabá-MT)
O futebol se iniciou no antigo estado de Mato Grosso em 1905. Entre 1911 e 1915, surgiram as equipes pioneiras da região: Americano, Paulistano, Royal, Internacional e Cuiabá Futebol Clube. O primeiro jogo, no terreno que hoje abriga a Câmara Municipal de Cuiabá, em 1913, com vitória do Cuiabá sobre o Internacional.

GOIÁS
Goyaz Football Club (Goiânia-GO)
As primeiras notícias do futebol em Goiás surgem em 1907, a partir da iniciativa de estudantes. Dois anos depois, fundou-se a primeira equipe da história do estado: o Goyaz Football Club. Além disso, o esporte também se desenvolvia em colégios de cidades do interior, como Catalão.

FONTE: O nascimento do futebol brasileiro em Itu (SP)
Futebol Nacional
Endereços desconhecidos em São Paulo guardam a história do futebol brasileiro
ESTADUAIS 2014 – SÃO PAULO – TODOS OS CAMPEÕES
Um passeio pelas origens do futebol brasileiro no aniversário de São Paulo
Documentário – Estádios Extintos
(SPAC) O CLUBE DOS INGLESES “120 anos de tradição”
Craque, artilheiro, técnico, cartola: Charles Miller não foi só o “pai do futebol no Brasil”
Serra do Mar: Paranapiacaba e Estrada Velha de Santos – Perguntas e Respostas
Fotos antigas do Rio de Janeiro
Parque Municipal: Berço do futebol mineiro
CAMPO DO COLÉGIO CATARINENSE – 100 ANOS

CAMPO DO COLÉGIO CATARINENSE – 100 ANOS

A INAUGURAÇÃO

Domingo 11 de Abril de 1915

Em Florianópolis:

No campo do Gymnasio, na Rua Esteves Junior, ás 14:50 horas, um match de foot-ball amistoso:

EXTERNATO ‘1º team’  1×0  INTERNATO ‘1º team’ 

A CHUVA ATRAPALHOU O JOGO INAUGURAL DO CAMPO

Após dois anos de trabalho intenso, finalmente o Gymnasio Santa Catharina (atual Colégio Catarinense) conseguiu concluir a construção do seu próprio campo de futebol, localizado nos fundos do extenso terreno do estabelecimento de ensino.

Para inaugurar o campo com toda a pompa que o mesmo merecia, a diretoria do Gymnasio promoveu uma grande tarde esportiva, onde os seus alunos mais afeitos ao esporte, puderam demonstrar caprichados exercícios de ginastica e realizar o clássico jogo de futebol entre alunos internos x alunos externos, ou simplesmente Internato x Externato.

Foi um dia de muita expectativa e festa para todos no Gymnasio Santa Catharina, tendo o campo ficado repleto de alunos e alguns convidados para assistirem á programação.

As provas de ginastica transcorreram dentro do esperado, o que não aconteceu com o jogo de futebol, que por conta de um forte temporal que caiu de repente, teve que ser paralisado tão logo foi terminado o primeiro tempo.

Embora este evento fosse marcante para o futebol da capital, que acabava de ganhar outra praça de esportes além do campo do C.S. Florianópolis, a repercussão na imprensa local foi mínima. O único jornal que noticiou a inauguração do campo foi o ‘Ipiranga’, que não por acaso, era escrito pelos próprios alunos do Gymnasio.

‘Ipiranga’, Florianópolis, maio de 1915:

Foi escolhido para a direcção o distincto moço Gentil Silva que ás 14,50, mandou que os “players” tomassem as respectivas posições.

As equipes entraram assim em lucta:

Externato

J. Amorim Admastor Linhares Rude Celso

Perusca Floriano Algemiro

Iracy Altamiro

Nicanor

 Internato

Cauduro Pinho Abelardo Sada Affonso

Edmundo Theodoro Jorge

Jayme Mario

Bruno

Convidada, a senhorita Cora Linhares, deu o “place kicke”. Durante alguns minutos correu o jogo sem dominio certo, feito só de shoots e rebatidas.

Porém Pinho, o veloz ontside righr do Internato de uma escapada passa alguns “driblings” nos “halves” do externato e consegue enviar uma “granada” ao rectangulo inimigo, dando occasião a uma bella defeza de Nicanor, o impertubavel goal-keeper.

Subito uma escapada de Amorim, habilmente cortada por Jorge, arranca dos espectadores anceios e freneticos enthusiasmos. Depois certo tempo, começou de pensar o temivel outside do Externato, Celso, a realçar a linha dos forwards, passando acolá ao Amorim driblando e enviando emfim vigorosos shoot ao goal adversario habilmente defendido por Bruno.

Á medida que lamentamos a falta de combinação dos players externos, devemos elogiar a combinação dos internos. Abelardo manteve-se no nivel dos seus companheiros, conseguindo atacar o goal de Nicanor, com shoots vigorosos.

Adamastor que até então estava desanimado, recobra a animação, vendo a bola manter-se, por algum tempo, no campo inimigo e, recebendo um passe de Celso, impelle a bola ao goal atirando-se sobre o goal-keeper – e abre assim a “score” do seu team, com o primeiro e unico goal do dia.

Os players internos não fraqueiam. Dada a sahida, investiram estes, em forte investida contra a defeza adversaria, e enviam varias “granadas” ao goal. Floriano, o “center-half” dos externatos, que sempre faz o seu jogo realçadamente, fel-o n’este dia muito obscuramente. Foi muito notada a perseverança de Edmundo, marcando Celso. Affonso e Sada, os excellentes “players” da ala esquerda fizeram, por ultimo, um jogo de passes estupendos.

D’um “corner” de Theodoro, se originou um “mellée” que, infelizmente, foi cortado devido a bola ter batido no “referee”. Iam os formados internos em veloz investida, quando o  ‘refere” apita dando como terminado o jogo, devido a chuva. De um só half-time constou o jogo do dia 11, terminando com o seguinte resultado.

Externos – 1 gool

Internos – 0                                                                              

TRAVE DE ENTRADA DO CAMPO – Década 1920

VISTA AÉREA – Década de 1920


PALCO ÚNICO DO CAMPEONATO DE 1925

Por conta de obras de melhoria no Campo da Liga, na Rua Bocayuva, (depois rebatizado de Estádio Adolfo Konder), o Campeonato de 1925 teve como único palco dos jogos o campo do Gymnasio Santa Catharina.

Não á toa, o título deste ano foi conquistado de forma invicta e indiscutível pelo Externato Futebol Clube, time formado exclusivamente por alunos do ginásio.

A conquista do Externato rendeu reclamações dos torcedores dos demais clubes da Liga, que alegavam que os jovens conheciam todos os buracos do campo e por isso foram favorecidos no campeonato. Replicavam os do Externato lembrando que o Internato, também composto de alunos do ginásio, havia participado do mesmo campeonato e terminou num modesto 5. lugar entre 7 participantes. Numa tréplica, os torcedores mais atentos lembravam que o Internato, embora tenha ido mal no campeonato principal, conquistou também de maneira invicta o título dos 2. quadros. Certo é que a discussão cessou no campeonato seguinte, quando o Campo da Liga voltou a ser o palco principal do futebol de Florianópolis.

EXTERNATO, CAMPEÃO DE 1925

O CAMPO DE FUTEBOL MAIS ANTIGO DO ESTADO

O campo do atual Colégio Catarinense, existe até os dias de hoje, sendo, portanto, o campo, ou estádio de futebol mais antigo ainda existente em Santa Catarina e um dos mais antigos do Brasil.

Se anteriormente o primitivo campo era cercado de morros e arvores, atualmente, devido ao enorme crescimento urbano de Florianópolis, pode-se dizer que o mesmo fica espremido entre os prédios e as instalações do próprio colégio, construídas no decorrer das décadas.

O campo também mudou muito em um século de existência, ganhando uma pequena pista olímpica ao seu redor e uma confortável arquibancada de cimento, localizada na lateral onde fica o barranco, que embora modificado, ainda persiste. Também existem alambrados e traves metálicas, itens comuns em qualquer estádio atual. O gramado, que no principio misturava-se á terra batida, pode ser considerado um dos melhores da cidade, cuidadosamente tratado para a utilização dos alunos, seja nas aulas de educação física, seja nos torneios de futebol de base que o colégio participa.

Pode-se dizer que o campo do Gymnasio Santa Catharina, até 1930, foi ao lado do campo da Rua Bocayuva, o principal palco do futebol florianopolitano. Neste período, geralmente por conta de obras que inviabilizavam a utilização do campo vizinho que ficava apenas há 1300 metros de distancia, o campo do Gymnasio foi utilizado para a realização de jogos intermunicipais, interestaduais, do campeonato catarinense e do campeonato da capital.

Á partir de 1930, com a construção do Estádio Adolpho Konder, o campo do Gymnasio ficou restrito a jogos sem maior importância, como jogos do campeonato interno do colégio e poucos jogos do campeonato da capital, geralmente aqueles onde o A.D. Colegial, fundado em 1944, sucessor de Internato e Externato, tomava parte.

Na década de 1960, quando o Colegial deixou de participar dos campeonatos da capital e o Figueirense inaugurou o estádio Orlando Scarpelli, o campo do Colégio Catarinense, denominação tomada á partir de 1942, passou a ser praticamente de uso exclusivo dos alunos.

VISTA DA ATUAL ARQUIBANCADA

 VISTA AÉREA – atualmente

Pesquisa do autor ©

Fontes: jornal Ipiranga, Republica e O Estado. Colégio Catarinense. Livro 85 anos de Bola, de Maury Borges.

Tamandaré Futebol Clube de Florianópolis SC

Esse é o INÉDITO escudo do Tamandaré Futebol Clube de Florianópolis, fundado em 26 de setembro de 1926.

Participa em 1927 pela primeira vez do Campeonato Catarinense, ficando em 6º lugar na Etapa da Capital.

Em 1937 disputa seus últimos torneios da FCD, o Torneio Início e o Estadual. O clube deixa de existir.

Fundado com as cores vermelho e branco, no antigo bairro Canudinhos, muda a sede para o Centro. Refundado em 1953 com as cores verde e branco, no bairro Estreito.

FICHA DO CLUBE
Nome: Tamandaré Futebol Clube
Fundação: 26 de setembro de 1926
Estádio: Adolfo Konder /Campo da Liga (15000 pessoas)
Situação atual: Extinto

Fonte: Todas as Cores do Futebol Catarinense / RSSSF Brasil