Arquivo do Autor: Gilberto Maluf

As dez disputas de pênaltis mais emocionantes – por um torcedor do Flamengo

1- Brasil 1 x 1 França, 1986. Valia vaga na semifinal. Júlio César, zagueiro, mandou na trave, depois que o craque Platini mandou a bola na arquibancada. Sócrates perdeu o dele porque não tomou distância. Na hora em que Sócrates perdeu, um locutor da TV Manchete começou, “PPPPP…….OOOMBBA!”. Veio João Saldanha e detonou: “POMBA nada. É PORRA mesmo”. E começou a gritar, enquanto Sócrates voltava, cabisbaixo, da cobrança: “Palhaço”, “Irresponsável”, “Moleque”.

2- Flamengo 0 x 0 Vasco, 1977. Ouvi pelo rádio. Valia o título estadual daquele ano. Uma das minhas primeiras decepções no futebol. Tita, iniciando no futebol, perdeu o único dos dez pênaltis batidos naquela noite. No ano seguinte, lavaríamos a alma com o gol de Rondinelli. Mas o trauma ficou em todos os torcedores, até que Tita, dez anos depois consolidaria a traição fazendo o gol do título vascaíno de 1987.

3-Brasil 0 x 0 Itália, 1994. Depois de 120 minutos sem gols, com Romário perdendo um fácil, e Taffarel salvando a pátria em cima de Baggio na prorrogação, a emoção de ver o mesmo Baggio mandando a bola para o céu, e o país explodindo, tetracampeão.

4-Vasco 0 x 0 Corinthians, 2001. O time pelo qual eu tenho certa antipatia , disputa um campeonato mundial no Maracanã, e quem perde o pênalti é o jogador mais …….que existe, Edmundo, que manda a bola longe. Festa corintiana. Naquele dia, durante a prorrogação, fiz um juramento de que, caso o Timão ganhasse, jamais secaria o Corinthians (a menos que jogue contra o Flamengo).

5-Flamengo 1 x 1 Fluminense, 2001. Difícil esquecer que o imbecil do Cássio chutou mal demais o pênalti, Murilo defendeu, mas o Sobrenatural de Almeida trocou de time e soprou a bola “pererecando” para dentro do gol. Inesquecível. Assim como inesquecível a corrida do Beto, meio-campo, Deus da Raça, após converter o pênalti dele, o último, em gol.

6-Itália x Holanda, Eurocopa de 2000. Poucas vezes na história do futebol um goleiro foi tão heróico como Toldo. Poucas vezes uma seleção teve tanta raça quanto a Azzurra. Jogando com um a menos desde o primeiro tempo, os italianos viram até Del Piero dando carrinho, e Toldo pegando TRÊS pênaltis (dois no jogo e um na disputa decisiva) de De Boer (Ronald ou
Frank? Não lembro)

7-Brasil x HolandaCopa do Mundo de 1998. Essas cenas sempre são repetidas. O velho Zagallo ali no meio, dando força a cada um. Era a hora do coração, da coragem, da entrega, da emoção (a única vez em que eu vi Scolari passar alguma emoção foi quando deu uma banana para a torcida do Corinthians). Quem se esquece de Taffarel ajoelhando e colocando as mãos para o céu? Só me lembro de, depois do pênalti perdido por Cocu, a galera do Jornal do Brasil abraçada, gritando “A-ha, u-hu, ô Cocu ….”

8-Flamengo x San Lorenzo, Copa Mercosul 2001/2002. Poucas vezes eu xinguei um jogador
tantas vezes seguidas quanto o Roma, do Flamengo, ao querer imitar o Romário e bater colocado um pênalti decisivo. O goleirinho argentino do San Lorenzo chegou a rir na hora da cobrança. Três dias depois, fui a Flamengo x Guarani no Maracanã só para xingar Cássio e Roma. Perdemos o título de forma boba – e talvez não tivéssemos perdido se o Edílson não tivesse sido expulso no jogo do Maracanã.

9- Juventude x Flamengo, Copa do Brasil de 2001. O time jogou com nove jogadores grande parte do segundo tempo, a pressão do Juventude era gigantesca, os caras batiam pacas e o juiz não dava nem amarelo. Fomos para os pênaltis na raça, e depois que o Júlio César, goleiro do Flamengo, pegou mais um, virou-se para os repórteres secadores de trás do gol e mandou todo mundo para aquele lugar. Excelente, um grande momento de disputa de pênaltis.

10 – São Paulo x Flamengo, Supercopa, 1993. Depois de sermos roubados pelo Renato Marsiglia no tempo normal (Renato Gaúcho quase foi esfaqueado dentro da área e Marsiglia nada marcou), sofremos e perdemos a disputa de pênaltis. Marcelinho, que mais tarde seria ídolo do Corinthians, perdeu o pênalti decisivo.
Ele ainda faria isso também no Corinthians. Mas isso é outra história.
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A invasão do Maracanã – Eu não fui

Meus amigos, em 1976 eu era casado de novo e uma das coisas que mais sinto
foi não ter presenciado o jogo Corinthians x Fluminense de 05/12/1976.
Foi o maior deslocamento popular por causa de um evento esportivo. No sábado
que antecedeu o jogo ainda tentei conseguir alvará em casa para viajar para
o Rio. Não teve jeito. Resolvi então ir ver os ônibus estacionados na rua
Santa Efigênia que sairiam à meia-noite.
Nem na rodoviária se via tantos ônibus. Veio um rapaz meio choramingando
perto de mim falando: por favor, compre a minha passagem, não poderei ir,
minha mãe está doente. Puxa, que tentação. Mas lembrei-me do ultimato
recebido em casa: se você for não precisa voltar. O gozado da história é que
hoje moro no Rio. Poderia ter antecipado a mudança.
No domingo, desde as 10h a JovemPan estava a postos com a equipe de Osmar
Santos. Quando deu 01h da tarde, metade do estádio estava tomado pela
torcida paulista e o presidente Francisco Horta falou ao vivo na Pan:
sensacional, nunca vi nada igual. Vou imediatamente clamar para a torcida
do Fluminense comparecer em massa. E foi isso que aconteceu. Público de
146.043 pagantes.
Lembro-me que desde as 11h fiquei concentrado na sala à espera do jogo na
TV.
Com gols de Carlos Alberto Pintinho aos 18 e Ruço aos 29 do primeiro tempo,
tivemos o jogo terminado em 1 x 1 . A chuva que caiu beneficiou o
Corinthians, menos técnico. Nos pênaltis, Corinthians 4 ( Neca, Ruço, Moysés
e Zé Maria) x Fluminense 1 ( Carlos Alberto Pintinho ).
O herói nas penalidades foi o goleiro Tobias.

Abs
Gilberto Maluf