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Narração dos segundos finais das Copas de 58 e 62

Edson Leite em 1958

No meu cronômetro faltam 10 segundos…bola longa para a área brasileira…fica na esquerda agora com Orlando, Orlando para Pelé, Pelé domina no peito e de calcanhar para Zagalo, Zagalo prepara-se, tem Pelé, levanta para Pelé….entrou de cabeça para o arrrrco….e goooool…….Pelé, com uma cabeçada extraordinária marca o quinto gol do Brasil.
Brasil, campeão mundial de futebol, 2 gols de Vavá, 2 gols de Pelé, 1 gol de Zagalo, vitória de marca do escrete brasileiro. Brasil, pela primeira vez se pode dizer, campeão realmente do mundo, em 1958.

A narração tinha um som entrecortado que vinha da Suécia. A voz de Edson Leite as vezes ficava mais fraca para depois subir de tom e , aliado ao eco da transmissão, tornava glamourosa as situações de jogo. Exemplificando, o toque do Orlando para o Pelé, ouvia-se assim: Orlando para Peleééé…onde o final da frase ficava carregado no eco. Já nas situações de gol o eco era muito maior o que tornava mais emocionante a narração. Esta é a minha forma de tentar colocar no artigo a emoção das narrações internacionais.
Lá se vão 50 anos.

Oduvaldo Cozzi em 1962

Brasil campeão do mundo…Brasil bicampeão do mundo, onde estão as bandeiras, teeeeerrrrrminou, ….. teeeeerrrrrminou,……. teeeeerrrrrminou, Brasil bicampeão do mundo, Brasil bicampeão do mundo.

Como e porque surgiu o BICHO no futebol???

Na década de 1920, juntamente com o Uruguai, como grandes representantes do esporte na América do Sul, Brasil e Argentina enfrentavam a questão profissionalismo versos amadorismo, principalmente a partir da evasão de craques para a Europa.

Afinal, desde que o futebol caíra no gosto popular, floresceram discussões acaloradas entre os defensores do amadorismo e os adeptos do profissionalismo. Diante das características elitistas que marcavam o meio esportivo, muita gente afirmava que a profissionalização do jogador de futebol poderia acabar com o amor pelo clube e com o espírito de companheirismo.

Na prática, entretanto, ainda nos tempos do amadorismo muitos atletas já recebiam uma série de compensações financeiras para entrar em campo. Para os jogadores mais pobres não havia nenhum impedimento moral em receber uma gratificação, muito pelo contrário. Tais luxos podiam ficar para os jovens abonados da elite. Estes, sim, podiam ficar ofendidos diante da idéia de receber dinheiro para jogar futebol.

Enquanto as discussões transcorriam sem solução aparente, as gratificações corriam soltas. Antes da instituição do sistema profissional, foram aparecendo mil e uma possibilidades de estabelecer prêmios e salários indiretos – ou mesmo diretos – para os jogadores. No Brasil, assim entrou em cena o tão famoso bicho. Surgindo no Vasco da Gama, a expressão referia-se ao valor da gratificação ao jogador, associada aos animais do jogo popular numa clara associação entre o futebol e o sistema de loterias, presente em vários países.

Fonte:Vencer ou Morrer,Gilberto Agostino

A esperteza de Romeu Rípoli, ex-presidente do XV de Piracaba

Provocando a peixeira de alagoano

Ninguém escapou às aprontadas de Romeu Italo Rípoli. Nem o filho Caetano. Ou melhor: especialmente o Caetano, filho “hóme” de Romeu Ítalo Rípoli, não conseguiu fugir às invenções, arrumações, aprontadas que ele fazia. Aconteceu em Maceió, onde Caetano morava, atuando em sua especialidade científica na área agronômica. Querido na sociedade alagoana, o casal Caetano e Lúcia Rípoli participava das atividades locais, era requisitado para festas, encontros. Até que, um dia, o presidente de um dos principais clubes alagoanos, o CRB, descobriu que Caetano Rípoli era filho do famoso Romeu Ítalo Rípoli, presidente do E.C.XV de Novembro. E foi a festa.

Pois o presidente do CRB, todo assanhado, quis porque quis, insistiu e grudou no Caetano, pedindo interferisse junto ao pai para emprestar alguns jogadores do XV para o time de Alagoas. Solícito e querendo prestigiar o filho hóme, Rípoli enviou três atletas para o CRB, convencido de que, assim, colaboraria para Caetano aumentar ainda mais suas relações alagoanas. Entre os jogadores, estava o Joãozinho Paulista, que Romeu Rípoli inventava ser o “sucessor de Pelé.” , só que era reserva no time do XV. E Joãozinho se tornou artilheiro do campeonato alagoano. E ídolo da torcida.

O valor do empréstimo não estava sendo pago pelo CRB e Rípoli não pressionava muito. Mas sabia que o XV, pelo Campeonato Nacional (antigo Brasileiro) iria jogar em Maceió, justamente contra o CRB. E lá embarcaram todos, Rípoli e o time do XV para a terra onde Caetano morava. Toda a imprensa de Maceió foi recepcionar o polêmico presidente e sua famosa equipe. E Rípoli, ainda no aeroporto, mandou brasa: “Vim aqui em Maceió, pessoalmente, para ver o meu time dar uma sova no CRB e, também e especialmente, para cobrar o calote que estou levando do presidente dessa equipe pelo empréstimo do Joãozinho Paulista.” Foi um fuá. E Caetano Rípoli enlouqueceu, pensando no que haveria de acontecer para ele e sua família, assim que o valentão do pai se fosse embora. Afinal de contas, Maceió é terra de gente valente, com “peixeira” na cintura.

Caetano, tremendo, tentou conter o o papai Romeu: “Pai, você está em Alagoas. Você já ouviu falar em peixeira, em machismo alagoano, em honra de cabra macho? Eu moro aqui, caramba! E se eles vierem por cima de mim?” Mas Rípoli, o peito estufado e um sorriso maroto no rosto, entrou no carro do filho e falou: “Fique frio! Esta entrevista vai render para nós”. E no noticiário da noite do Jornal Regional de Maceió saiu o ofensivo e provocante pronunciamento.

Não levou 20 minutos e lá estava o presidente do CRB esmurrando a porta da casa de Caetano Rípoli, filho do presidente valentão. O homem entrou bufando, nem sequer olhou para o dono da casa, mal cumprimentou Lucia e partiu para xingação pra cima de Romeu Rípoli. Que, enrolando o cigarrinho de palha, começou a gargalhar e desmontou o presidente machão do CRB.

E antes de se apresentarem formalmente, de se sentarem e tomarem uma cervejinha, Rípoli falou para o colega de Maceió: “Presidente, depois que nos conhecermos melhor aqui, você vai aos estúdios da TV Gazeta e desce o cacete em mim.Diga que a honra do CRB precisa ser lavada, mas sem violência. Que se lave essa honra lotando de torcedores o jogo no Estádio Rei Pelé. Teremos uma baita de uma renda, você me paga o que me deve e todos ficaremos felizes…”.

Não deu outra. O jogo XV e CRB, que terminou com empate de 1 a 1, teve uma das maiores rendas daquele ano em Maceió. Rípoli voltou, a Piracicaba, com o dinheiro que lhe era devido, e Caetano Rípoli foi empossado diretor de Esportes Náuticos do CRB, com direito a coquetel de apresentação e “oba-oba” …….

O DIA 15 DE ABRIL NO FUTEBOL

15/04/1965 – INDEPENDIENTE 4 X 1 PEÑAROL, em Santiago do Chile o time argentino vence o jogo desempate e conquista o bi-campeonato da Copa Libertadores da América com gols de: PÉREZ (CONTRA), BERNAO, AVALLOY, E MURA (IND); JOYA (PEN).

15/04/1982 – GUARANI 2 – 3 FLAMENGO, em Campinas pela semi-final do brasileiro Zico em noite de exibição magistral marca 3 gols e leva o Flamengo a final contra o Grêmio com quebra de recorde de um jogo em Campinas 52.002 publico pagante neste jogo. Zico 3 (Fla); Jorge Mendonça 2 (Gua).

ANIVERSARIANTES:

15/04/1932 – PAULINHO DE ALMEIDA ex-lateral direito do Vasco e Seleção Brasileira.

15/04/1950 – NECA – ex-meia do Corinthians, São Paulo e Grêmio.

15/04/1963 – CASAGRANDE ex-atacante do Corinthians, São Paulo, Flamengo, Ascoli, Torino, Porto e Seleção Brasileira.

15/04/1981 – D’ALESSANDRO meia argentino ex-River Plate, Wolfsburg/ALE hoje no San Lorenzo e Seleção Argentina.

15/04/1983 – DUDU CEARENSE meia revelado pelo Vitória/BA, jogou no Rennes/Fra, Kashima Reysol/Jap hoje no CSKA Moscou e com passagens pela Seleção Brasileira.

João Avelino, bonita página do futebol brasileiro

Imagine um vestiário de um time de futebol no intervalo de uma partida com “boleiros” ofegantes, falatório dos exaltados e um técnico em busca de ajustes na equipe. Mas acreditem: Avelino isolou-se desse ambiente quando dirigia o CAT (Clube Atlético Taquaritinga) num jogo noturno contra o Guarani, no Brinco de Ouro, na década de 80. O time jogava mal e o revoltado Avelino se recusou a entrar no vestiário para as orientações de praxe aos jogadores, após derrota por 2 a 0 no primeiro tempo. O treinador colocou uma cadeira no túnel que dá acesso ao vestiário e com um canivete afiado descascava e chupava laranjas com se tivesse num momento de descontração.

– Mas João, você não vai dar instrução para o seu time – questionou o radialista Paulo Moraes, na época repórter da Rádio Central, de Campinas.

– Não -, retrucou Avelino. – Nada entra na cabeça desses caras. Falar e não falar dá na mesma -, justificou.

Assim era o folclórico Avelino, que antes de adoecer permaneceu ligado ao futebol como consultor para treinadores e cartolas. Transmitia um pouco de catimba e malandragem que usava no futebol.

Certa ocasião, Avelino foi trabalhar no Fortaleza e se espantou com o tamanho do goleiro, pouco mais de 1,70m de altura. E sabem o que o técnico fez para resolver o problema? Mandou diminuir a altura da trave. E quando perceberam a tramóia, Avelino já havia festejado um título cearense perseguido há cinco anos.

SUPERSTIÇÃO

Em 1959, o Guarani corria sério risco de rebaixamento à segunda divisão paulista e tinha um jogo decisivo contra o favorito Santos, no Brinco de Ouro. E sabem o que fez Avelino? Exigiu que os jogadores bugrinos usassem meias pretas, nada a ver com as tradicionais cores verde e branca do Bugre.

Superstição ou não, o certo é que o Guarani teve uma atuação fantástica naquela partida e ganhou do Peixe por 3 a 2, dois gols de Ferrari – um ponteiro-direito adaptado à lateral-esquerda – e outro de Rodrigo.

Avelino foi homem de confiança do técnico Osvaldo Brandão e por isso foi seu auxiliar por muito tempo. O “casamento” foi batizado de “corda e caçamba” e Avelino era a caçamba.

O técnico Antonio Augusto, o Pardal, conta que Avelino foi o inventor do treino coletivo sem bola. É isso aí mesmo: coletivo sem bola. “O João ficava cantando as jogadas e o atleta simulava estar com a bola”, detalhou Pardal. Naquele treino, de repente Avelino gritava para o ponteiro cruzar, para o atacante driblar e chutar para o gol, tudo sem a bola. E os obedientes goleiros cumpriam à risca a maluquice do treinador, copiada posteriormente por outros profissionais.

Os técnicos Palhinha e Basílio, amigos pessoais de Avelino, lembram que quando o mestre deparava com jogadores de chutes fracos dava-lhes uma bolota de cinco quilos, para fazerem embaixadas, visando ganhar força muscular e pegar mais forte na bola.

João era assim: diferente, catimbeiro e folclórico. Por isso escreveu uma bonita página no futebol brasileiro. Então, que descanse em paz.

Jornalista Ariovaldo Izac

Mais uma do João Avelino, o popular 71.

Esta li na coluna do Renato Maurício Prado, no O Globo de domingo, 13.04.2008:
A história foi contada pelo Itamar, antigo centroavante do Marília e do Palmeiras, que hoje mora na cidade de Maringá, onde é treinador.
O jogo era Portuguesa Santista e Santos, na Vila. No vestiário, João Avelino dava as instruções:
– Você, lateral, pega aqui;
– O Meia, marca ali;
– O Apoiador, cerca do outro lado……e por aí ia, posição a posição.
Ao final parecia ter esquecido apenas do quarto zagueiro, Vilela, um negro forte e espigado:
– Professor, o senhor se esqueceu de mim. E eu, o que faço?
– Não esqueci, não, filho. Você, aproveita os cinco minutinhos que faltam e reza. Reza muito, porque você vai marcar o Pelé………..

Até Serginho Chulapa temia Orlando Fumaça

Um zagueirão raçudo e que não parava de fungar no cangote dos atacantes adversários. Este era Orlando Fumaça, que defendeu o América entre 1983 e 1986 e retornou nos anos 90. Formou com Jorge Lima a dupla “Faísca e Fumaça”, no início dos anos 80. Até o temido e trombador Serginho Chulapa respeitava os dois criolões americanos. Orlando Monteiro do Nascimento Filho iniciou a carreira no time amador de Miracema, cidade do Interior do Rio de Janeiro, onde nasceu em 30 de outubro de 1960. Paulo Henrique, ex-jogador do Flamengo e que tomava conta das categorias de base do Goytacaz, de Campos, gostou do desempenho dele num amistoso entre as duas equipes. Levado para o Goytacaz em 1976, permaneceu no clube três anos até ser comprado pela Ponte Preta, onde jogou com o goleiro Carlos e o zagueiro Oscar, ambos da Seleção Brasileira. No ano seguinte, o clube campineiro o emprestou ao Mixto, de Cuiabá.

Depois, Eduardo Viana, o Caixa D’Água, assumiu a presidência do Americano e o levou para Campos. Em 1982, Orlando foi vendido ao Vasco, onde atuou com Roberto Dinamite e outras feras. No clube de São Januário, ele ganhou a alcunha de Fumaça. “Eu ia treinar com uma moto CB400 que soltava muita fumaça e o Rosemiro (ex-Palmeiras) me botou o apelido”, diz. Foi apontado como um dos principais zagueiros do Campeonato Carioca e defendeu a seleção fluminense no empate de 2 a 2 com os paulistas, em jogo amistoso, no Maracanã. Zico e Júnior fizeram para o time do Rio e Casagrande marcou os dois gols dos bandeirantes. Em 1983, o América estava na lanterna do Paulistão, com 8 pontos em 12 jogos. Sentindo a ameaça de rebaixamento, o presidente Benedito Teixeira e o vice Joaquim Sequeira Dias foram buscá-lo no Vasco, na terça-feira, dia 12 de julho.

No sábado seguinte, o América empatou em 1 a 1 com o Palmeiras, mas a documentação dele não ficou pronta. Depois, o time rio-pretense perdeu de 2 a 1 do XV, em Jaú, e a diretoria demitiu o técnico Ernesto Guedes. João Avelino assumiu e de cara afastou o zagueiro Vantuir, contratado a peso de ouro junto ao Atlético- MG e com passagens pelo Grêmio. O “velho 71” promoveu a estréia de Fumaça no empate sem gols contra o São Bento, em Sorocaba, dia 31 de julho. Fumaça permaneceu no América, mas atuou emprestado no Cruzeiro e no Atlético- PR. Em 1987, o Novorizontino pagou Cz$ 2 milhões pelo passe do zagueirão. Ele ainda jogou no Boa Vista e no Amarantes, ambos de Portugal, Matonense, Tanabi e pendurou a chuteira em 1992, no América. Uma contusão no ligamento cruzado posterior do joelho direito abreviou a carreira dele aos 32 anos. Fumaça tem os filhos Marcele, Orlando Neto, Natália, Ulisses e Mariana. Ele mora na Vila Ercília, em Rio Preto, com a mulher Neusa Zen e ganha a vida como corretor de veículos.

Ouvia-se exageros nas comparações, de que Orlando Fumaça e Jorge Lima, da conhecida dupla Faísca e Fumaça, eram mais bravos que cachorro de japonês e que seriam discípulos de Lampião e Corisco, etc. Evidentemente esta última frase faz parte do folclore de nosso futebol. Mas tem algo a ver, pois Serginho Chulapa respeitava a dupla.

O DIA 14 DE ABRIL NO FUTEBOL

14/04/1895 – Em São Paulo acontece a primeira partida de futebol realizada no Brasil e organizada por Charles Miller.

14/04/1912 – Ë fundado o SANTOS FC um dos maiores clubes de futebol do mundo, 2 vezes campeão mundial, 2 libertadores, 2 brasileiros, 5 taças Brasil, 17 títulos paulistas dentre outros inúmeros da sua história.

14/04/1982 – GRÊMIO 3 – 1 CORINTHIANS, com uma grande vitória no Olimpico com gols de Baltazar, Tarciso, Paulo Isidoro o tricolor gaúcho se classificou para a sua segunda final seguida do campeonato brasileiro.

ANIVERSARIANTES:

14/04/1975 – Luciano Almeida lateral esquerdo ex-Caxias, Inter/RS e Botafogo/RJ.

14/04/1976 – Abedi meia ex-Friburguense, Vasco hoje no Botafogo/RJ.

14/04/1981 – Raul Bravo ex-atacante do Real Madrid e da Seleção Espanhola hoje no Olimpiakos da Grécia