No início não existia futebol Paulista, era só Paulistano mesmo. Apesar de equipes como Inter de Bebedouro e Associação Atlética Ponte Preta terem sido fundados muito cedo (A Ponte em 1900, e o Inter em 1906) essas equipes não faziam parte dos campeonatos estaduais no comecinho do século. Podemos chamar então os primeiros Campeonatos Paulistas de Campeonatos Paulistanos, ou até torneio municipal.
A verdade é que para uma cidade como São Paulo, que hoje conta com apenas 7 clubes no profissionalismo (Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Portuguesa, Juventus, Nacional e PAEC) o futebol amador caiu em certo desuso,e não tem a mesma força daquele praticado nos primórdios.
Vários campeões paulistas já nem existem mais.
O Paulistano é até hoje o 5° maior clube em número de conquistas do Campeonato Paulista. Ao todo foram 11; O SPAC de Charles Miller possui 4 títulos, enquanto o A.A. das Palmeiras (Clube que inspirou a mudança do nome do Palestra Itália, e originou o São Paulo FC da Floresta, que posteriormente originou o SPFC de hoje) conta com 3 canecos, igualado a Portuguesa de Desportos; Além desses, o Germânia (Hoje Clube Pinheiros, não conta com Futebol Profissional) tem 2 títulos; o Internacional (‘Irmão’ do Inter de Porto Alegre. O nome dos dois foi dado pelo mesmo homem) tem 2; o Americano (Clube fundado em Santos, e extinto na Capital) tem 2; o São Bento (Nada a ver com o de Sorocaba) tem 2; e o São Paulo da Floresta (Não conta como o SPFC atual) tem 1.
Fora essas equipes que em suas épocas eram consideradas grandes, várias outras saíram do amadorismo para tentar a sorte jogando o Paulistão. Times tradicionais no amadorismo, como o América, o Paissandú, o Ordem e Progresso, o Paulista, o República, o Sírio, e o Vicentino, tentaram dar voos mais altos, mas por pouco tempo planaram. Times-empresa também tentaram sorte, como o Sílex, o Santa Marina, o SP Alpargatas, o Antarctica, o Auto Audax, o Nitro Química entre outros.
Times que cresceram junto com as ferrovias fizeram sucesso principalmente no interior do estado, mas a capital também tem seu representante. O Nacional que até hoje mantém atividades, foi fundado como SPR, ou São Paulo Railway.
Mas o forte do futebol paulistano sempre foram as colônias. O exemplo mais notório é o Palmeiras, antigo Palestra Itália, que hoje é um dos maiores clubes das Américas e demonstra até hoje o que era a força da colônia italiana na cidade. Outros times carcamanos tentaram a sorte sem muito sucesso, como o Ruggerone e o Ítalo. Além deles, outro clube tradicionalíssimo da cidade baseado na colônia italiana é o Juventus, da Mooca, fundado como Cotonfício Rodolfo Crespi Futebol Clube.
Times de outras colônias também já estiveram no Paulistão. A Portuguesa está ai até hoje, tendo participado de quase todas as edições do campeonato desde sua primeira inscrição em 20, só excetuando o ano de 37 onde não participou, além de uma participação na segunda divisão no ano de 2007. A colônia portuguesa também já foi representada pelo Lusitano Futebol Clube na década de 30, e teve no seu primeiro time o Sport Club Luzitano, que disputou o campeonato na década de 10 e é um dos times de origem da atual Portuguesa.
A colônia inglesa também investiu firme no futebol, em suas origens. O Corinthians, um dos maiores clubes do Brasil é inspirado no Corinthian-Casuals, time que excurcionou no país no início do século. Outros clubes de menor expressão representaram os ingleses no Paulistão, como o Britannia, e especificamente os escoceses, o Scottish Wanderers.
Além desses, a colônia Libanesa também teve um representante. O Libanês disputou o campeonato de 1935.
No começo também era comum os bairros mais tradicionais da cidade terem seus próprios clubes. O Barra Funda representou o bairro homônimo durante a temporada de de 27. O Campos Elíseos fez o mesmo um pouco antes, em 1914, 15 e 16. O bairro da Saúde teve no Estrela seu principal representante, de 1950 até 62, nas divisões de acesso. O bairro do Ypiranga teve o Ypiranga e o Independência. O Jardim América teve um representante com o mesmo nome em 35. A Lapa foi o bairro com mais representantes, ao todo 3: Alfa, Lapeaninho e União Lapa. A Mooca tem em sua vasta tradição o Parque da Móoca e o tradicional Juventus. O Minister representou o bairro de Santo Amaro, e além desses, o Tremembé teve um clube homônimo que disputou o torneio de 36.
A vasta história do futebol Paulistano ainda prende a atenção dos mais românticos. O berço do futebol no país mostra que o futebol mudou muito. Antes, na era do amadorismo, bastavam algumas pessoas e um jogo de camisas e feito, o time estava pronto. Hoje em dia, na época do profissionalismo o futebol cresceu, ganhou asas, e é o esporte mais amado do país. De esporte elitisma, o futebol é hoje, o jogo do povo.
Fonte: Danilo Dias